São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Programa de FHC só distribui cesta básica

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Programa da Comunidade Solidária, escolhido pelo governo para articular os projetos na área social, se resume, até agora, à distribuição de cestas básicas em 200 municípios do país e aos repasses de recursos para merenda escolar.
Criado há cerca de sete meses, o programa já enfrenta as primeiras denúncias de irregularidades.
A sua direção decidiu só enviar os alimentos da cesta após a formação de comissões também integradas por políticos de oposição nos municípios. Mesmo assim, alguns prefeitos continuam a manipular a relação de beneficiados.
Em nove municípios, a distribuição de cestas foi suspensa. Sete deles estão na Bahia, o Estado que mais recebeu alimentos no país -segundo a direção do programa, devido à decretação de estado de calamidade em 163 municípios.
Em Itapeva (SP), um dos municípios onde foram detectadas irregularidades, o prefeito Antônio Guilherme Brugnaro (PMDB) incluiu servidores municipais entre os beneficiários. ``Muitos ganham só o salário mínimo e precisam da cesta", afirmou Brugnaro.
Em Araripe (CE) e Jeremoabo (BA), a população considera a ação ``paliativa" e pede urgência em programas para geração de emprego e renda.
Outras atividades previstas pelo programa ainda estão em fase de realização de convênio. Elas incluem geração de emprego e renda, kits e transporte escolar e distribuição de leite, que já foi adotada no governo Sarney (1985-90).
A demora e as denúncias não parecem preocupar a secretária-executiva do programa, a socióloga Anna Maria Peliano, 47.
``Não houve promessas de respostas imediatas a curto prazo, e as denúncias são importantes para que se faça o controle", diz. A distribuição de cestas começou no governo do presidente Itamar Franco (1992-1994).
Peliano admite que, até agora, a ação do programa foi paliativa e convoca a sociedade a ajudar o governo a trabalhar pela melhoria da qualidade de vida da população.
Ela também concorda com o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), para quem o programa não resolverá o problema da fome no país.

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