São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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"O cafezal morreu, a terra era ruim"

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RONDÔNIA E NA AMAZÔNIA

O mineiro José Celestino Cassim, 40, chegou a Rondônia com 20 anos, acompanhado do pai, Antônio, hoje com 70 anos, a mãe, Cleusa, e oito irmãos. Viajaram de Água Doce (ES) para Vilhena em uma Kombi.
Diz que a família tinha uma vida simples em Muriaé, no interior mineiro, mas ``não faltava nada".
Os Cassim trocaram Minas pelo interior do Espírito Santo e depois por Vilhena, em Rondônia.
``Uma vida muito difícil, nos primeiros tempos." Receberam cem hectares. Derrubaram a mata e plantaram 25 mil pés de café, com financiamento do governo.
``A primeira safra foi uma maravilha. Deu muito café. Mas depois o cafezal morreu. Descobrimos que a terra era muito ruim."
Ainda assim, até hoje a família Cassim cultiva os cem hectares e mantém uma criação de 220 cabeças de gado. Há sete anos, José Celestino é dono de um restaurante no centro de Colorado d'Oeste.

Condições precárias
Em 76, Sebastião Evangelista do Prado, 53, e sua mulher Zenilda, 45, trocaram Iretama, no interior do Paraná, por Rondônia.
Quando chegou, Prado ficou chocado com as precárias condições dos projetos de colonização. ``Depois de andar um dia inteiro a pé até a área que tinha recebido, descobri que não iria ser fácil."
Os dois tentaram cultivar os 25 hectares de terra que receberam. Com o passar do tempo, descobriram que seria impossível viver da agricultura.
O casal hoje trabalha no comércio. ``Quem sobreviveu à malária, às cobras e aos ataques de onças vive bem por aqui atualmente", diz Prado.
(LM)

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