São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Problemas igualam Brasil e Colômbia
CLÓVIS ROSSI
Um homem se aproximou e pediu dinheiro. Ela deu todas as moedas que tinha. O homem exigiu pelo menos uma nota, que ela não tinha. Pelo vidro semi-aberto, o homem enfiou a mão com uma garrafa quebrada e ameaçou estraçalhar o rosto de Maria se ela não lhe desse o anel de esmeraldas e o relógio que levava. Ela cedeu. Cena de São Paulo? Poderia ser, mas é de Santa Fé de Bogotá, a capital colombiana. Não se trata de coincidência. Brasil e Colômbia têm situações parecidas não apenas na questão política, pela hipótese de impeachment, mas também nas áreas social e de segurança pública. O que dá maior dimensão aos problemas colombianos é a existência de uma das últimas guerrilhas ainda ativas na América Latina e o narcotráfico. Guerrilha e narcotráfico, aliás, estão tão associados no país que é difícil dizer onde uma termina e começa o outro. Até nessa associação, o Brasil entra. Há um brasileiro em poder da guerrilha há cinco meses. Trata-se de um engenheiro da firma Brown Boveri, que, segundo informações disponíveis, foi sequestrado pela delinquência comum e ``vendido" às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. O resgate anormal é consequência da distorção econômica gerada pelo narcotráfico. Escreve Camilo Echandía Castilla, economista da Universidade Externado: ``Ninguém duvida de que os rendimentos da droga têm grandes efeitos multiplicadores que se estimam, em termos de criação de demanda, em 15% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas que um país produz por ano)". Texto Anterior: ERNESTO SAMPER; SANTIAGO MEDINA; ALFONSO VALDIVIESO Próximo Texto: SEMELHANÇAS ENTRE BRASIL E COLÔMBIA Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |