São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Loyola pede explicações a ACM

Leia a íntegra da carta de Gustavo Loyola, do BC, ao ministro Pedro Malan:

Senhor ministro,
1. Nos dois últimos dias a imprensa falada, escrita e televisada noticiou fartamente a existência de um suposto dossiê que, em mãos do Sr. Senador pela Bahia Antonio Carlos Magalhães, conteria graves denúncias contra a Diretoria do Banco Central.
2. São ainda mais graves as ilações dessa mesma imprensa de que o Banco Central teria trocado a não divulgação desse dossiê por um acordo de suspensão da intervenção a que ora se sujeita o Banco Econômico S.A.
3. O Banco Central, no seu papel de fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional, na sua missão de guardião da moeda, só existe se tiver credibilidade e se a honestidade de seus propósitos não puder ser questionada.
4. Denúncias como essa, veladas, protegidas pela imunidade, que nunca vêem a público, inviabilizam a função do Banco Central, por cobrir com um manto de suspeição todos aqueles responsáveis pela conduta da Casa; denúncias apenas sugeridas e não explicitadas impossibilitam o restabelecimento da verdade.
5. O corpo funcional do Banco Central, que tem uma tradição de honestidade, de lealdade à coisa pública, exige e merece uma explicação, principalmente em um momento como esse em que dele se pedem sacrifícios, austeridade, eficiência e qualidade.
6. Muito mais do que a honra individual dos membros da Diretoria do Banco Central, foi duramente atingida a essência da própria Instituição. E essa Instituição, pelo bem do País, não pode ser alvo de descrédito. Se denúncias há, que venham à público, para que se defendam os inocentes, se punam os culpados e, principalmente, seja protegido o Banco Central, patrimônio de toda sociedade brasileira.
7. Fundamentado nessas razões e movido pelo propósito de, ao salvaguardar a honra de seus Diretores, manter íntegro o Banco Central é que, em nome de toda Diretoria solicito de V.Exa. que, por todos os meios a seu alcance inste o Sr. Senador Antônio Carlos Magalhães a apresentar o dossiê de acusações que, supostamente, detém.
8. Não nos anima, apenas, a intenção de resguardar a honra de pessoas dedicadas que, pertencentes ou não ao quadro funcional da Instituição, dedicam-se até com sacrifício pessoal à coisa pública` move-nos, muito mais, o entendimento de que acusações dessa natureza, atingem duramente uma Instituição cujo pilar básico é a crença da sociedade em sua honestidade de propósito.
Respeitosamente,
Gustavo Jorge Laboissière Loyola
Presidente

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