São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995 |
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Vou à oposição se a Bahia exigir, diz ACM
XICO SÁ
Definindo-se como "derrotado, ACM está disposto a se submeter a uma espécie de plebiscito informal entre seus conterrâneos para saber de que lado fica. "Vou para a oposição se o povo me levar, se a Bahia me levar. A tradução desse sentimento "místico do senador para a política, segundo seus aliados, é a seguinte: o governo federal terá que encontrar solução intermediária para a crise do Banco Econômico. Embora diga que está fora das negociações sobre o caso, ACM não esquece a reviravolta que ocorreu no acordo feito entre ele e o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Faço questão de dizer que havia um acordo e quem quebrou esse acordo não fomos nós, disse ontem, na sede do jornal da sua família, "Correio da Bahia. O senador está aparentemente inconformado com o que aconteceu: "O acordo foi feito com o BC com aquiescência (consentimento) do presidente da República. Nunca se falou, segundo ACM, na exigência de o governo da Bahia aplicar recursos no Econômico, como ficou decidido ao final das contas pelo governo federal. O papel da administração estadual seria, conforme o senador, o de funcionar como agente de transição entre o atual comando do banco e um futuro comprador da iniciativa privada. ACM não perdoa a equipe que dirige o Banco Central. Avalia que "os burocratas, como define os dirigentes do BC, atrapalham qualquer negociação para a venda do Econômico. Para o senador, o BC atrapalha por divulgar dados negativos e fazer "alarme da situação. "Pode acontecer uma solução de mercado desde que eles não prejudiquem. Apesar do tom político de suas críticas à conduta do governo federal, ele fez questão de dizer que torce pela "despolitização do caso Econômico. Disse que agora a discussão é técnica. Antes, porém, ironizou a situação de FHC. "Quero sair do noticiário, a não ser que eu fique como perdedor, quem sabe assim o governo resolve o assunto. Perder pela Bahia é ótimo, essa é uma derrota ótima. Sobre a confiança em futuros "acordos com FHC, ele lembrou que "alguns senadores pedem por escrito, em carta, o registro dos acertos com o Palácio do Planalto. "Eu jamais pedirei uma carta do presidente da República. A irritação de ACM sobre o episódio Econômico foi ampliada com a notícia de que os credores estrangeiros do banco estavam recebendo os seus recursos. "É inacreditável que se dê preferência a depositantes estrangeiros e não se pague aos correntistas daqui, disse o senador. O pefelista acha que isso foi um incentivo para que as pessoas que têm conta em agências do banco no Brasil recorram à Justiça para receber o que possuem depositado. Além dos correntistas, ACM reafirmou que o governo da Bahia vai retomar uma operação para tentar derrubar na Justiça o processo de intervenção no banco. Isso será feito se o BC se mantiver irredutível na exigência para a Bahia injetar dinheiro no Econômico. Ao contrário do carnaval que se ensaiava em Salvador terça-feira, a chegada de ACM na noite de anteontem não motivou nenhuma festa nem atos de solidariedade. Texto Anterior: Sindicância constata sobrepreço em reforma Próximo Texto: Estado não pediu ajuda ao BC, diz pefelista Índice |
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