São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Coronel nega envolvimento

ROBERTO PEREIRA DE SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O coronel aviador Latino da Silva Fontes, 64, foi interrogado ontem pela juíza Marilena Soares Franco, da 13ª Vara Federal no Rio de Janeiro, e declarou-se inocente da acusação de ser um dos fornecedores de armas e munições dos traficantes de drogas cariocas.
Silva Fontes foi preso em flagrante dia 26 de junho, carregando 30 mil projéteis de fuzil AK47. Junto com o coronel estava Rubernil Tomas da Silva, conhecido por Rubens.
Segundo os autos encaminhados pela Polícia Federal, Rubernil acabou sendo morto ao disparar ``um ou dois tiros" contra os policiais.
Silva Fontes chegou ao prédio da Justiça Federal, no centro do Rio, protegido por um forte esquema de segurança montado pela Polícia da Aeronáutica.
Silva Fontes chorou em duas oportunidades durante seu interrogatório.
Disse que foi torturado por dois policiais federais antes de conversar com o delegado Antonio Carlos Rayol, que presidiu o inquérito.
A Folha tentou ouvir o delegado sobre a acusação de Silva Fontes mas seus assessores do Departamento de Polícia Fazendária disseram que ``Rayol estava a serviço na rua e que não poderia ser localizado".
Além de colocar em dúvida os métodos utilizados pela PF, o acusado sugeriu que as circunstâncias da morte de Rubernil Tomas da Silva foram diferentes daquelas mencionadas nos autos enviados à Justiça.
``Fui ajudar Rubens a transportar rolamentos não sabia que eram munições. Não sabia que Rubens era traficante de drogas. Depois que carreguei meu carro com oito caixas (as outras sete caixas foram alojadas no carro de Rubernil) tentei sair e percebi a gritaria. Dois tiros de fuzil foram disparados e rasgaram minha jaqueta que estava no banco de trás."
Após ser preso, sem resistência, o coronel foi levado para uma viatura da PF. ``Ouvi então cerca de 20 disparos de pistola. Me lembro de ter visto policiais algemando Rubens. Não o vi de pé algemado. Após os tiros, me disseram que Rubens havia reagido e morto."
O advogado de defesa, Ruy Duarte, pedirá a exumação do cadáver de Rubernil Tomas.

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