São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Arquitetura escolar muda com reforma na educação

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta do governo Mário Covas de reformar o ensino de São Paulo criando escolas de 1ª a 4ª série (a maioria, hoje, vai de 1ª a 8ª) deverá provocar uma nova fase na arquitetura escolar do Estado.
``Muda o modelo pedagógico, muda a arquitetura", afirma Rodolfo Carlos Disperati, 51, gerente de Projetos e Edificações da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), responsável pelas construções escolares do Estado.
Após a República, em 1889, houve um surto de colégios -170 edifícios foram construídos em São Paulo entre 1890 e 1920.
Essas primeiras escolas públicas -que tinham por traz a idéia da importância da educação do povo como garantia dos valores da República- são ``monumentais".
Um exemplo é o prédio Caetano de Campos, na praça da República (centro de São Paulo).
Os técnicos da FDE não sabem dizer exatamente como serão as novas construções. Mas a história recente traz algumas pistas.
Na última década, uma das preocupações mais evidentes dos arquitetos de escolas -públicas ou privadas- é a segurança.
Enquanto até os anos 70 se construía escolas que davam para praças, com espaços abertos para integrar o prédio ao bairro, hoje as construções se voltam para dentro.
``As escolas estão se fechando", afirma Avany Ferreira, 40, chefe do Departamento de Projetos da FDE. Se antes o pátio ficava atrás da escola, hoje ele é construído no centro, com salas em volta.
Um conceito que deve permanecer é o do prédio público. ``A idéia é que você identifique aquele edifício como um espaço educacional, sem precisar de indicadores visuais (como placas) para isso", diz a arquiteta Rita Vaz, da Teuba Arquitetura e Urbanismo, que já fez cerca de 70 projetos.
Esta noção de que a arquitetura escolar deve identificar a atividade que se desenvolve no edifício é ainda mais usada por escolas particulares.
``A escola particular tem que vender sua imagem", afirma Sérgio Pillegi, 56, que tem mais de 30 projetos na área.
Para ele, um dos principais problemas hoje ao projetar escolas públicas são os terrenos -em geral a pior parte de um loteamento.
``As escolas têm sido feitas em geral em terrenos extremamente íngremes, que encarecem a construção e dificultam o acesso."
Apesar disso, os arquitetos das novas escolas de 1ª a 4ª série devem manter a tentativa de construir ``espaços lúdicos", como definem, o que, em projetos recentes, inclui desde o uso de cores fortes até a inclusão de buracos na estrutura dos prédios.

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