São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Queda no compulsório 'alivia' lojas

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A injeção de R$ 3 bilhões na economia por conta da redução no volume de dinheiro que os bancos têm de recolher junto ao Banco Central (BC) já provoca um certo alívio para o comércio.
É que, daqui para frente, as empresas vão ter mais chances de obter um volume maior de crédito junto aos bancos, pagando menos por esse dinheiro.
``Agora vamos obter recursos para bancar o giro das mercadorias", diz Girsz Aronson, proprietário da rede de lojas G. Aronson.
Em sua avaliação, a redução no depósito compulsório, determinada pelo governo na última quinta-feira, foi uma medida de segurança para o setor. Caso contrário, a quebradeira das lojas iria se agravar ainda mais.
Ontem mesmo, conta Girsz, a sua empresa conseguiu renegociar com um banco um título que ele temia que não fosse renovado.
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz que, com essas medidas, as empresas vão dispor de um volume maior de crédito junto aos bancos para poder tocar seu negócio.
Oiram Corrêa, diretor da divisão de estudos econômicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP) concorda e vai além. Para ele, essa redução no depósito compulsório pode dar fôlego não só ao comércio como à produção, com a redução nas taxas de juros.
Mas, segundo Corrêa, são as grandes empresas que vão ser as mais beneficiadas com o afrouxamento do crédito. Motivo: os bancos devem continuar bastante seletivos ao emprestar para os pequenos empresários por causa do alto índice de inadimplência (atraso no pagamento).

Consumidor
O impacto dessa injeção de dinheiro extra na economia vai ser mais forte para as empresas do que para o consumidor, dizem os analistas de crédito.
``As taxas de juros cobradas do consumidor devem cair em até um ponto e meio percentual a partir de setembro", prevê Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi, que reúne as empresas de crédito, financiamento e investimento.
Os juros, hoje entre 10% e 12% ao mês, devem recuar para uma faixa de 8,5% a 10,5% ao mês.
Essa discreta queda nos juros não deve provocar um novo surto de consumo no crediário, na avaliação dos empresários do comércio e das financeiras.
Exemplo: o consumidor que hoje compra um videocassete, no valor de R$ 400, em 12 vezes com juros de 12% ao mês, pode economizar na prestação cerca de R$ 6, se taxa cair dois pontos percentuais, explica Alfieri.
Segundo ele, o consumidor leva muito mais em consideração o alongamento no prazo do que o valor da prestação.
Além disso, o economista descarta um repique nas vendas por conta da redução dos juros porque a inadimplência elevada já se encarregou de brecar novas compras.
Antonio Agostine, diretor comercial da financeira Credial, também descarta que as vendas ganhem novo fôlego por conta da pequena redução nos juros. ``O consumidor hoje está com boa parte do orçamento comprometido com despesas já assumidas."

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