São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Testemunha liga árabes a atentado no Arco

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A polícia parisiense disse ontem ter um ``testemunho sério" sobre a aparência dos autores do atentado do Arco do Triunfo.
A explosão de uma bomba feriu 17 pessoas na tarde de anteontem, na praça Charles de Gaulle-Étoile, onde fica o Arco, um dos monumentos mais visitados de Paris. Ainda há seis pessoas internadas.
Um ciclista que passeava pela praça, às 17h de quinta-feira, teria visto dois homens de aparência árabe colocando um pacote na lata de lixo que explodiu.
Em entrevista à TV francesa, L., 37, disse que ao chegar a sua casa, perto do Arco, ouviu a explosão. ``Voltei imediatamente para a praça, para dizer à polícia o que tinha visto", contou L.
As informações de L., no entanto, não permitiram a elaboração de um retrato falado.
O governo francês anunciou que passa a valer também para o atentado do Arco a recompensa de US$ 200 mil oferecida a quem der informações conclusivas sobre o atentado de julho no metrô, quando morreram sete pessoas.
A polícia diz não ter indícios concretos sobre a autoria dos atentados. Todas as hipóteses estariam baseadas nas informações sobre a rede terrorista argelina na Europa.
O ministro do Interior, Jean-Louis Debré, disse ontem na TV que ``há semelhanças perturbadoras entre os dois atentados".
Nos dois, a bomba foi construída com um botijão de gás para camping. O detonador usava uma pilha de nove volts. Foram escolhidos dois pontos turísticos e o horário da explosão foi o mesmo.
A princípio, a pista mais provável conduzia ao Grupo Armado Islâmico (GIA) ou ao Exército Islâmico de Salvação, grupos armados islâmicos fundamentalistas que combatem o governo argelino, apoiado pela França.
Outra possibilidade relaciona os atentados à ação do próprio serviço secreto do Exército argelino. Tentando culpar as guerrilhas pelos atentados, facções do Exército conseguiriam radicalizar a crise argelina, o que impediria o diálogo do governo com grupos islâmicos.
O ministro Debré convocou associações de lojistas, casas de espetáculo e a direção de transportes públicos da cidade para discutir medidas de segurança. O efetivo da polícia nas ruas aumentou de 16 mil para 17.200 policiais.
Mais latas de lixo serão lacradas em Paris. Depois do atentado metrô, cerca de 400 delas foram fechadas nas estações e nas imediações de pontos turísticos.

Texto Anterior: Alemanha desmantela o maior arsenal neonazista
Próximo Texto: Justiça espanhola investiga o premiê
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.