São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Área do conflito pertence à União, diz Incra

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A fazenda Santa Elina, em Corumbiara (RO), deverá ser desapropriada pelo governo federal para assentar colonos, inclusive os sem-terra que foram expulsos no dia 9 passado após confronto com a PM que resultou em 11 mortes -nove sem-terra e dois policiais militares.
Segundo o secretário-adjunto do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Rondônia, Carlos França, a desapropriação é viável porque a fazenda ainda pertence à União.
França afirmou que o atual documento de posse fazenda é ilegal, porque resulta da aquisição de nove lotes de 2.000 hectares vendidos, em 1972 e 1975, a empresários para a implantação de projetos agropecuários.
"Esses empresários beneficiados com a licitação das terras só poderiam repassá-las com autorização do Incra, o que não ocorreu", disse o secretário-adjunto.
A posição é endossada pela Procuradoria Geral do Incra em Brasília. O presidente do órgão, Brazílio Araújo Neto, recebeu essas informações antes de viajar terça-feira para Rondônia.
Sem a concordância do Incra, França disse que é nula a documentação da fazenda, regularizada em cartórios de Rondônia.
Isso porque, segundo ele, os primeiros beneficiados possuíam apenas documentos provisórios da fazenda.
França afirmou que a irregularidade da fazenda Santa Elina pode ser encontrada na maioria dos 1,2 milhão de hectares (10% de Rondônia) vendidos a preços simbólicos para incentivar o desenvolvimento do Estado.

Vistoria
Ele reconheceu que o Incra também é culpado pela irregularidade, pois nunca teve condições de vistoriar os milhares de lotes vendidos.
A vistoria é necessária para comprovar se foram realizados os projetos agropecuários acertados no momento da venda.

Texto Anterior: Paes de Andrade tenta se fortalecer para disputar comando partidário
Próximo Texto: 'Documento é regular'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.