São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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GM demite 1.134 funcionários

DAS REGIONAIS; DA REPORTAGEM LOCAL

Greve pára São José; empresa diz que iniciou dispensas depois de 'esgotar as alternativas'
A General Motors demitiu ontem 1.134 funcionários em suas fábricas de São Caetano e São José dos Campos.
Em nota oficial, a montadora informou que ``viu-se na contingência de iniciar o processo de demissões, depois de esgotar todas as alternativas para diminuir os estoques". O comunicado fala em ``cerca de 1.050" demitidos.
O corte atingiu 583 funcionários em São José dos Campos e 551, na fábrica de São Caetano do Sul. A GM tem um efetivo de 23.500 trabalhadores.
Em protesto contra as demissões, os funcionários da fábrica de São José decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A greve foi decidida em assembléia no final da tarde de ontem.
Em São Caetano, não haverá paralisação. ``Não há clima para isso", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Antes de optar pelas dispensas, a GM concedeu férias coletivas em julho para parte dos empregados das duas fábricas.
A nota da General Motors reafirma a proposta da empresa de investir US$ 2 bilhões até 98 para ampliação das fábricas. O texto informa que ``a GM prossegue acreditando numa recuperação a curto prazo do mercado de veículos".

Prêmios
A GM vai conceder prêmios para os demitidos. Eles variam de acordo com o tempo de serviço na fábrica. Os demitidos que completaram cinco anos de serviço vão receber três salários a mais.
Entre cinco a dez anos, o prêmio aumenta para quatro salários. O valor passa para 4,4 salários para aqueles entre 11 e 13 anos de serviço.
O funcionário prestes a se aposentar terá seis salários a mais pagos pela empresa.
Todos os demitidos terão direito a quatro meses de seguro-saúde.
As demissões também vão atingir a rede de concessionárias GM. A avaliação é de Mauri Missaglia, presidente da Abrac (associação dos revendedores GM).
``As dispensas vão começar nos próximos dias", diz Missaglia. Ele calcula que 10% dos 30 mil empregados das 450 lojas da marca vão ficar sem emprego.
``É preciso rever custos. Esse corte vai provocar demissões nas concessionárias, porque vamos vender menos".
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, diretor da Força Sindical, as montadoras estão se aproveitando da crise para realizar corte de custos e enxugar a produção.
``O nível de emprego no setor automotivo até cresceu desde o acordo da câmara setorial automotiva, em março de 92, e as montadoras precisam hoje de menos gente para produzir o mesmo número de carros", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Heiguiberto Guiba Navarro, concorda. ``Vão demitir agora e depois, quando a produção voltar a crescer, não vão contratar de novo o mesmo número de pessoas."

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