São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Uso de gás natural exige adaptação legalizada

ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Existem várias oficinas especializadas em adaptar motores a gasolina ou a álcool para o gás natural, mas só uma tem a licença fornecida pelo Ibama (instituto que cuida do meio ambiente), de acordo com a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
A Flow Box tem autorização da Cetesb para fazer a conversão nos modelos Kadett, Ipanema, Omega e Suprema, todos da Chevrolet.
A licença, denominada LCVM, atesta que todas as alterações no projeto original de um veículo estão de acordo com os padrões de segurança exigidos pelo órgão, como nível de emissão de poluentes, por exemplo.
Caso o governo federal concretize sua intenção de liberar o uso do gás natural comprimido (GNC) para veículos particulares, será preciso exigir a licença para não desrespeitar a lei.
Gabriel Murgel Branco, 46, gerente do departamento de tecnologia de emissões de veículos da Cetesb, diz que o gás natural polui muito pouco. ``É o melhor combustível, desde que o motor esteja bem regulado."
Ele afirma que a maioria das empresas não tem a licença porque não conseguiu chegar a uma regulagem correta no motor do veículo.
``Só a conversão usando injeção de gás comandada eletronicamente consegue fazer uma mistura de ar e gás sem que o carro venha perder em emissões, potência ou consumo", diz.
Segundo o gerente da Cetesb, os usuários de carros a gás natural não-certificados em emissões (sem a LCVM) desconhecem que são os responsáveis legais pelo controle de configuração do veículo.
Eles também desconheceriam as resoluções nº 7 e nº 15 do Conama, que estabelecem programa de inspeção e manutenção.
``Muitos não poderão licenciar os veículos a partir de março de 1996 (data em que a Prefeitura pretende implantar o IM) por estar fora da lei de emissões" diz.
Murgel Branco aconselha não levar em conta só o preço do kit, porque os mais baratos podem não atender às normas vigentes.
Outro alerta que Murgel faz é exigir da convertedora a LCVM do modelo do veículo.
O diretor da Abrafeg (Associação Brasileira dos Fabricantes e Fornecedores de Equipamento para Gás natural) Antonio Bermudo Neto diz que as oficinas especializadas estão desenvolvendo novos projetos, que serão apresentados para homologação da Cetesb.
Ele diz que o investimento para obter novas tecnologias é muito alto e que as empresas hoje no mercado são pequenas.
Com a assinatura da portaria liberando o gás para particulares, a tendência, segundo Bermudo, é que as empresas deixem de fazer a conversão em todos os modelos e escolham apenas alguns deles.
O ideal é que a conversão seja feita em carros novos, mas pode ser feita em veículos usados desde que haja uma revisão no motor e na parte elétrica.
O resultado é melhor nos carros a álcool. Motores a gasolina perdem cerca de 15% de potência.
Segundo o empresário Antonio Carlos Novaes Romeu, da Flow Box, o uso do gás natural, considerando a diferença de preço do combustível e o custo da transformação, só compensa para quem roda mais de 150 km por dia.
A revenda Itacolomy (GM), que executa a conversão de acordo com o projeto elaborado pela Flow Box, cobra R$ 3.300, demora um dia para fazer o serviço e dá garantia de um ano.

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