São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Mau sinal

O bom desempenho das montadoras foi até há poucos meses um símbolo do novo vigor da economia. Porém, recentemente, as vendas caíram e os automóveis começaram a lotar os pátios. A demissão de 1.100 funcionários pela General Motors anteontem e de 800 trabalhadores da Ford ontem mostra o grau em que o desaquecimento da economia atingiu esse setor.
As vagas de trabalho abertas em São Paulo graças à queda da inflação foram rapidamente consumidas nos últimos três meses e meio. Segundo a pesquisa da Fiesp, o saldo de contratações da indústria no Estado caiu para apenas 0,14% entre a introdução do real, em julho de 94, e a segunda semana de agosto.
A GM reitera a intenção de investir US$ 2 bilhões na ampliação de fábricas até 98. Ao mesmo tempo, porém, justifica as demissões afirmando que se haviam esgotado ``todas as alternativas para diminuir os estoques". Ainda que normalmente as decisões de investimentos tenham um horizonte de vários anos e, por isso, possam ser de fato mantidas, as demissões permitem indagar sobre a possibilidade de que alguns dos projetos anunciados por várias empresas sejam mantidos em compasso de espera.
De qualquer modo, o corte de vagas nas montadoras indica que essas firmas não estão prevendo uma recuperação tão breve da economia. O custo legal das demissões inibe a dispensa de funcionários por períodos curtos de tempo. Pode estar consolidando-se no país um movimento defensivo generalizado. E preocupante.

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