São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Incra não prioriza Rondônia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As famílias despejadas da fazenda Santa Elina (RO) no dia 9 de agosto, após conflito armado com a polícia, não serão priorizadas para atendimento em projetos de reforma agrária.
A afirmação foi feita ontem pelo presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Brazílio de Araújo Neto, ao depor na Comissão de Política Agrícola da Câmara.
Ele condenou o movimento dos agricultores por adotar a tática de invasões para a obtenção de terras.
``Essas famílias de Rondônia vão ter que entrar na fila dos que esperam ser atendidos e não receberão tratamento prioritário só porque ocorreram mortes. Se isso ocorresse seria estimular a invasão de terras e a violência", disse ele.
Para essas famílias, as soluções por enquanto são temporárias, como a montagem de acampamentos provisórios. ``Não podemos esquecer que existem centenas de famílias acampadas", disse ele.
Segundo o presidente do Incra, as invasões atrapalham a reforma agrária porque provocam posições radicalizadas. ``Se não houver entendimento para a reforma agrária, as invasões só conseguirão com a revolução agrária e violência".
Brazílio de Araújo Neto afirmou que não pretende criar expectativas sobre novos projetos de reforma agrária em Rondônia a fim de não estimular novas invasões.
Ele negou que a fazenda Santa Elina venha a ser desapropriada para o assentamento de colonos caso venham a ser comprovadas irregularidades na documentação.
A possibilidade de irregularidade na documentação da fazenda foi levantada por técnicos do Incra.

Verba
O Ministério da Agricultura solicitou R$ 1,6 bilhão de verbas complementares para tocar o programa de reforma agrária previsto para este ano.
O presidente do Incra disse ontem que os recursos são necessários para os antigos assentamentos e para as 40 mil familiares a serem assentadas até o final do ano.
Segundo ele, as verbas visam resgatar dívidas antigas com 315 mil famílias assentadas desde a criação do Incra, há 25 anos.

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