São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Barry White diz ser pai da `dance music'

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A voz é inconfundível. O barítono mais famoso do pop. Barry White, ao telefone, é música.
``Love will always be there, my friend", ele diz, como se fosse uma letra. E não é um ``sample" (trecho de música copiado por computador).
Barry White falou à Folha, por telefone, de Detroit, nos EUA.
O arranjador, cantor e compositor retorna ao Brasil no próximo mês (canta no Olympia dias 25, 26 e 27 de setembro).
Na primeira vez em que cantou aqui, em 1982, foi um tumulto. Casas de espetáculos lotadas, mulheres chorando, cenas de ``Beatlemania". Ele até fez uma música inspirada na turnê.

Folha - Você gostou tanto de cantar aqui a ponto de gravar ``In Brazil"?
Barry White - ``Yeah". Foi uma loucura, ``man". Lembro de tudo. As pessoas foram calorosas, vibrantes. Tive que dizer para todo mundo o quanto adorei o Brasil.
Folha - Você é tido como padrinho do ``Phillysound", que deu origem ao som das discotecas nos anos 70. Acha que a sua influência se extende à ``dance music" moderna?
Barry White - Tive muita felicidade ao criar uma fórmula que funciona em todo o mundo. As pessoas adoram a forma como Barry White começou a ``dance music". Ainda hoje, minha música guia novos grupos.
Folha - Você se sentiu reconhecido pela nova geração, quando o grupo Soul II Soul o ``sampleou" (usou trecho de uma música na estrutura de outra) com sucesso?
White - Sim. Jazzy B virou meu amigo, depois de me cumprimentar com sua música. Jazzy B me disse que, no dia que decidiu criar o Soul II Soul, lembrou-se do que eu cantava quando ele era criança.
Folha - Você também aprova o uso de suas músicas no rap?
White - Rap é a nova música. Infelizmente, a nova geração não é tão criativa quanto a minha. Por isso, muitos rappers ``sampleiam" Barry White. Significa que criei uma música nos anos 70 capaz de perdurar nos 90.
Folha - O rap renovou o interesse no funk de sua geração?
White - Sem dúvida. Embora não goste de algumas coisas no rap, ele ainda é funk. É uma forma diferente de interpretar nossa música.
Folha - O que você acha de Heavy D, que é chamado ``o Barry White do rap"?
White - (risos)Com certeza, inspirei muitas de suas músicas. Eu o conheço e aprecio o seu trabalho. Ele é engraçado.
Folha - Você narra mais do que canta. Isso o faz um precursor do rap?
White - Sim, mas não era o único a fazer isso nos velhos tempos. Antes de mim, teve Isaac Hayes, Bing Crosby e outros. Mas acho que Barry White usou a narrativa melhor que a maioria.
Folha - Como você desenvolveu esse estilo narrativo?
White - Simplesmente aconteceu. Quanto experimentei essa fórmula, em 1973, meu álbum fez tanto sucesso que nunca mais quis saber de outra coisa. Nunca vou querer saber. No meu novo CD, faço o que sempre fiz.
Folha - Por que você grava tanto a palavra ``Love" (amor)?
White - Porque sem amor não existiriam crianças, sociedade, ninguém. Amor é a palavra mais importante do mundo.

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