São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Monastérios são tesouro artístico do país

PAULO ALVES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Patrimônio Cultural da Humanidade, os monastérios da Bucovina são o maior tesouro artístico da Romênia.
Construídos entre 1460 e 1550 para celebrar o crescimento da região e abrigar os Exércitos locais, espalham-se num circuito de aproximadamente 200 km, aos pés dos Cárpatos, na bela região da Moldávia, nordeste do país.
A principal diferença desses monastérios em relação a outros são os afrescos externos, que narram passagem bíblicas e históricas relacionadas ao Império Bizantino.
Os reis viam nos afrescos uma eficiente ferramenta de educação e por isso incentivavam os artistas locais, cujo trabalho acabou definindo um estilo, o moldavo.
Voronet, um dos mais impressionantes monastérios, traz as imagens apocalípticas do ``Último Julgamento", com as almas salvas sendo guiadas por pastores para o céu e as condenadas rumando ao inferno, enquanto seus corpos são trucidados por animais selvagens.
A ``Árvore de Jessé" traz Adão, Eva, Jesus Cristo e outros personagens retratados num fundo azul que virou verbete na história da arte, o azul-voronet.
Moldovita, o mais bem-preservado e com muralhas imponentes, narra a queda de Constantinopla em formato de quadrinhos.
Sucevita mostra em suas paredes a ``Procissão dos Filósofos", com Aristóteles, Platão, Sócrates e Pitágoras em cores brilhantes e roupas bizantinas.
Putna, ao lado de um vilarejo, está em plena atividade e abriga 45 monges. Nas manhãs de domingo, as celebrações ortodoxas trazem multidões e valem a visita.
Completamente parada no tempo, a região da Moldávia é um mergulho na Idade Média.
Longe do aço, do cimento e do barulho de motores, os moradores espalham-se em pequenos vilarejos e parecem viver à espera do domingo para vestir suas roupas coloridas.
Vacas, porcos e outros animais cruzam estradas onde o ruído de carros é quase um acontecimento.
Aos domingos, as romarias em direção às igrejas ortodoxas resgatam um hábito suprimido em 40 anos de repressão religiosa e sugerem longa vida aos monastérios. (Paulo Alves)

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