São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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'Atraso inocente' é o charme de Lisboa

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todas as capitais do mundo são iguais, menos Lisboa. Todas as cidades européias oferecem a seus turistas a parte ``velha" da cidade como uma vitrina histórica para fotografar.
Em Amsterdã, ou em Paris, os moradores do velho são modernos.
Em Lisboa, o antigo, os bairros e as ruas seculares não são vitrinas. São habitados pelos portugueses que, como definiu o escritor alemão Hans Magnus Enzensberger, ``não se deixam impressionar pelos fatos" (``A Outra Europa", Cia. das Letras). Ali, a União Européia é pura sinestesia.
Nessa Lisboa desbotada e cor-de-rosa, malcuidada pelos alfacinhas -apelido dos naturais da cidade- e pelo patrimônio histórico, está o charme do ``inocente atraso".
Nada recomendável para o turista que gosta de centros comerciais, bares e restaurantes chiques. Bom para quem gosta de bater perna, conversar e comer em uma taberna da Alfama ou da Mouraria.
Esses bairros, nos contrafortes do morro que abriga o castelo de São Jorge e onde todo o turista típico cumpre aquele programa de índio que é um jantar em uma casa de fados, são dois exemplos do charme da Lisboa provinciana, que deve ser percorrida a pé.
O turismo peripatético pode começar pela praça do Rossio, uma espécie de Arizona no coração da cidade -onde todos se encontram.
Nos anos quentes da Revolução dos Cravos (1974 a 1976), o Rossio era o palco das manifestações e dos debates políticos.

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