São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Serra diz que compulsório é apenas detalhe do projeto

Ministro ganha três cenouras de deputado ruralista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Planejamento, José Serra, disse ontem, em debate na Comissão de Agricultura e Política da Câmara, que o imposto compulsório que o governo poderá criar ``é apenas um detalhe" da proposta.
``Extremamente importante é a idéia de não tributar a agricultura, diminuir os impostos sobre a cesta básica e a simplificação do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (empresas) e Física", disse o ministro.
Segundo ele, o governo tem pressa na aprovação das isenções de tributação nas exportações, nos bens de capital (máquinas e equipamentos) e nos insumos agrícolas.
Serra evitou revelar quais são as modificações que irão simplificar as declarações de Imposto de Renda. ``O melhor é não anunciar ainda as medidas de simplificação", afirmou.
O ministro disse que a reforma tributária provocará uma verdadeira revolução agrícola no país ao prever a não tributação dos produtos agrícolas.

Cenouras
O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) surpreendeu Serra ao lhe entregar três cenouras para protestar contra a política agrícola do governo. ``É pra ele usar como quiser", disse o deputado à Folha.
Serra deu o troco: ``Da próxima vez, o deputado deve vir vestido de banana nanica para chamar a atenção da imprensa".
Marquezelli foi criticado pelo deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), um dos coordenadores da bancada ruralista, da qual faz parte o próprio Marquezelli. ``Devemos fazer críticas sérias", aconselhou.
Quem não gostou da briga foi o deputado Beto Lélis (PSB-BA), dono de uma caixa de 20 cenouras, das quais 3 foram retiradas por Marquezelli para fazer o protesto.
Antes do início da audiência, o deputado baiano usou a caixa junto com um cenário armado para mostrar os baixos preços agrícolas das cenouras, do milho e do leite, que custam o mesmo que coca-cola, sanduíche e água mineral.

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