São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Crise derruba Bolsa; empresários apóiam ministro

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O mercado financeiro argentino reagiu negativamente diante dos boatos de renúncia do ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, o volume de negócios chegou a cair 10%, antes da informação de que o presidente Carlos Menem continuava apoiando o ministro da Economia. Acabou fechando com 4,81% negativos.
O presidente da Bolsa, Julio Macchi, fez afirmações favoráveis à continuidade de Cavallo. ``O plano de conversibilidade não funciona sem ele", declarou.
O Grupo dos Oito -que reúne as principais entidades empresariais argentinas- esteve com o presidente Menem ontem, antes de reunião com os ministros.
Liderados pela empresária Amália Fortabat, os empresários deram seu apoio a Cavallo e pediram sua continuidade à frente da pasta da Economia.
Consultores econômicos afirmam que é impossível substituir Cavallo neste momento. Mas não acreditam que ele permanecerá no governo até 1999, quando termina o mandato de Menem.
``Cavallo perdeu o apoio de Menem na mesma intensidade de outras crises", afirmou um consultor que não quis se identificar.
``É provável que fique na Economia por algum tempo, até que o presidente encontre um sucessor de seu agrado", acrescentou.
``Seria um novo efeito tequila para o país", afirmou outro consultor. ``Só um economista aventureiro assumiria o lugar de Cavallo", completou.
A expectativa é que as decisões de empresas e investidores estrangeiros se mantenham paralisadas até que haja uma decisão política para a questão da permanência ou não de Cavallo no governo.

Conversa com Menem
Cavallo voltou a afirmar que não vai renunciar. Anteontem, o ministro passou dez horas depondo à Câmara sobre mecanismos de corrupção desencadeados por ``máfias" no governo.
Ontem pela manhã, Menem conversou isoladamente com Cavallo por cerca de 25 minutos, após se reunir com seu ministério na Quinta de Olivos.
Pela 48ª vez em 120 dias, Menem deu respaldo à permanência de Cavallo. Mas não fez declarações à imprensa. Falou com assessores e foi jogar golfe.
Alguns assessores, no entanto, afirmaram que o presidente estaria descontente com as acusações públicas do ministro.
(DCM)

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