São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Ativista americano é expulso da China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China expulsou na madrugada de hoje (ontem em Brasília) o norte-americano Harry Wu, um ativista pró-direitos humanos, horas depois de condená-lo a 15 anos de prisão, acusado de espionagem.
A libertação de Wu era pedida pelos EUA e agora aumenta a pressão para que Hillary Clinton, primeira-dama norte-americana, participe da Conferência Mundial da Mulher em Pequim entre os dias 4 e 15 de setembro.
A expulsão foi divulgada por um telegrama de duas linhas da agência oficial ``Xinhua". O destino de Harry Wu pode ser a cidade de San Francisco (EUA).
Antes, havia sido anunciada a condenação a 15 anos de prisão e a expulsão, mas sem
especificar a data de saída. Interpretou-se então como uma brecha deixada pela China para negociar com os EUA.
A China quer a participação de Hillary Clinton na conferência da ONU por achar que sua presença aumenta a importância do evento.
Ao soltar Harry Wu, o governo chinês desarmou grupos pró-direitos humanos que pressionavam a primeira-dama dos EUA para que não fosse a Pequim por causa da prisão do norte-americano.
A atitude chinesa é um gesto no sentido de tentar melhorar as relações entre China e EUA, que vivem a sua pior crise diplomática dos últimos 16 anos.
O estopim da crise foi a visita de Lee Teng-hui, presidente de Taiwan, aos EUA em junho passado. Pequim também quer que os EUA esfriem seu apoio a Taiwan.
A expulsão de Harry Wu está ligada ainda a esforços diplomáticos norte-americanos. Washington enviou a Pequim Peter Tarnoff, subsecretário de Estado, o mais importante integrante do governo americano a viajar à China desde a visita de Lee Teng-hui aos EUA.
O caso Harry Wu ameaçava os planos de se realizar um encontro entre os presidentes dos EUA, Bill Clinton, e da China, Jiang Zemin.
"A questão mais importante é os Estados Unidos removerem os efeitos negativos da visita de Lee Teng-hui", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
A visita, embora anunciada como de caráter particular, foi a primeira de um presidente de Taiwan desde que EUA e China normalizaram relações bilaterais em 1979.
A China considera Taiwan uma "ilha rebelde". Busca impor isolamento diplomático para tentar forçar uma reunificação dessa "província" com Pequim.
Taiwan foi o refúgio encontrado pelos nacionalistas que perderam a guerra civil para os
comunistas no ano de 1949. Lá mantiveram o sistema capitalista.
A China admite que os países com quem ela tem relações diplomáticas mantenham apenas laços não-oficiais com Taiwan. Os taiwaneses estão entre os principais investidores na China.

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