São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995 |
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Econômico tem comprador, diz interventor
HELCIO ZOLINI; ARI CIPOLA
O BC estimou originalmente o valor de R$ 1,8 bilhão para suspender a intervenção, decretada no dia 11. ``O cálculo do BC está subestimado, não posso dizer em quanto", afirmou Barbosa em entrevista concedida ontem à Agência Folha, na sede do banco, em Salvador (BA). A Agência Folha apurou que os números levantados pelo interventor mostram que o banco só poderia voltar a funcionar com pelo menos mais R$ 500 milhões, além do R$ 1,8 bilhão. O interventor afirmou que o BC está analisando duas ofertas de compra que foram feitas por dois grupos ``fortes". Um deles é do setor financeiro e outro industrial, ambos brasileiros. Ele não revelou os nomes dos grupos. Ontem ele enviou para a Procuradoria Geral da República os extratos das contas correntes de todos o diretores relativos ao último dia 11 (data da intervenção). A seguir os principais trechos da entrevista: Agência Folha - O sr. já pode confirmar que as denúncias de que ocorreram remessa ilegal de dinheiro para o exterior, saques, e transferências do patrimônio do banco para o patrimônio pessoal da diretoria são verdadeiras? Francisco Flávio Sales Barbosa - Tenho mandado apurar imediatamente todas as denúncias que têm saído. São 14, 15 horas por dia de trabalho. É muito trabalho. Não posso errar. Agência Folha - Mas essas informações não constam no sistema de controle da diretoria afastada ou as informações foram modificadas? Barbosa - O controle existe, é claro. Mas não é fácil levantar. Agência Folha - O que levou o banco à intervenção? Barbosa - Não, foi incompetência mesmo. A causa principal foi a má gestão dos negócios. Agência Folha - Pelos números já apurados, o sr. pretende fazer uma relatório propondo a reabertura ou a liquidação? Barbosa - A liquidação de qualquer banco não é boa para ninguém. Cria descrédito. As chances de o banco se recuperar são boas, desde que se tenha uma solução de mercado. O Econômico, apesar dos problemas, ainda é um banco que causa interesse no mercado. É um banco enraizado, que tem 40% do mercado da Bahia. Sempre terá perspectiva. Tem uma patrimônio de R$ 700 milhões, um ativo (dívidas a receber) de R$ 7 bilhões. Agência Folha - Mas o sr. acha que alguém se arriscaria a comprar um banco na situação do Econômico? Barbosa - Recebi duas propostas de dois grupos sérios e fortes do país que estão interessados na compra do Econômico. Não os recebi para não ser acusado de ser beneficiado. No país só teve uma intervenção como essa, a do Sulbrasileiro, que foi estatizado. Agência Folha - Então o sr. quer a mesma saída do Sulbrasileiro, que é a proposta do senador Antônio Carlos Magalhães? Barbosa - Não, o processo de intervenção abre perspectivas para que aconteçam negócios. Agora, se perdurar a intervenção, não tem jeito, ele vai para a liquidação. Se houver interessado, que faça logo. Se passar muito tempo, o investimento terá que ser muito maior. Acho também que não há saída política para o banco. A ingerência política só atrapalha. Agência Folha - Investimento de quanto? Barbosa - O BC falou em R$ 1,8 bilhão para abrir o banco, R$ 1,5 bilhão para pagar a dívida com o próprio BC e R$ 300 milhões para fazer caixa para operar no mercado. Esse valor está subestimado pelo BC. Com R$ 300 milhões não dá para gerir um banco deste porte. Agência Folha - A venda do patrimônio do Econômico, sua participação em outras empresas, com a Usiminas, pode ser usada como saída para a reabertura? Barbosa - Isso não é solução para o banco. É solução para pagar os credores. Texto Anterior: Barbalho condiciona privatização a projeto Próximo Texto: Diretores fizeram saques após intervenção Índice |
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