São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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BC liquida banco Big de São Paulo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BC (Banco Central) decretou ontem a liquidação extrajudicial do Big (Banco Irmãos Guimarães) e da Irmãos Guimarães Corretora de Câmbio. O banco tinha um rombo de R$ 5 milhões nas reservas bancárias. Além disso, fez transferências ilegais de recursos para duas empresas coligadas.
O diretor de Normas e Organização do BC, Cláudio Mauch, disse que a liquidação foi decretada porque ``houve desvio de recursos" no valor de R$ 2 milhões.
O dinheiro foi transferido das contas correntes de três funcionários do banco para a conta do presidente da instituição, Pedro Luiz de Toledo Piza.
Depois, segundo a área de fiscalização doa BC, Piza transferia o dinheiro para duas empresas coligadas do banco: Socil Sociedade de Comércio Intercontinental e Locafim Administradora de Bens, Imóveis e Representações.
Depois de feito um levantamento sobre a transferência, o BC poderá intervir nas duas empresas para tentar recuperar o dinheiro desviado.
O BC já decretou liquidação de 14 bancos desde julho do ano passado, quando o real começou a circular. Neste total está incluido o Big, que tem 100 funcionários e três agências (duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro).
Outras três bancos estão sob intervenção e mais cinco em Raet (Regime de Administração Especial Temporária).
O patrimônio do Big era de R$ 9,6 milhões e o saldo dos depósitos à vista estava em R$ 200 mil. Havia ainda R$ 23 milhões em CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e R$ 2,3 milhões de empréstimos no mercado interbancário -feitos por outros bancos. Estes dados são de 30 de junho.
O banco estava no redesconto (linha de assistência do BC para bancos em dificuldade) desde o dia 15 de agosto. Depois que descobriu a transferência, o BC parou de emprestar dinheiro por meio do do redesconto.
Os 2.000 clientes do banco poderão receber até R$ 5 mil, mas ainda não está definido a data de pagamento.
Em nota divulgada ontem, o BC informou que vai comunicar ao Ministério Público o desvio de recursos feitos por Piza. Ele poderá ser enquadrado na lei 7.492 (do colarinho branco) por gestão fraudulenta. Caberá ao Ministério Público decidir se abre ou não processo contra ele.
Piza e os donos do banco e da corretora não quiseram comentar ontem a operação do BC.

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