São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Peemedebistas acusam Planalto por impasse interno

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais lideranças do PMDB apontam o Palácio de Planalto como o principal responsável pelo impasse criado em torno da presidência nacional do partido.
Alegam essas lideranças que foram conselheiros políticos do presidente Fernando Henrique Cardoso os instigadores do veto dos governadores peemedebistas aos dois únicos candidatos lançados, o senador Jáder Barbalho (PA) e o deputado Paes de Andrade (CE).
Qual seria o interesse do Planalto? Impedir que o PMDB tivesse um comando forte e uma identidade mais definida, responde-se no partido. Ou, complementarmente, evitar que o presidente nacional do partido fosse uma figura, como Jáder, com apoio de dois dos três ``presidenciáveis" peemedebistas, o senador José Sarney e o ex-governador paulista Orestes Quércia.
Quércia é um antigo inimigo de FHC, desde os tempos em que militavam juntos no PMDB.
Sarney hoje é um aliado do presidente, mas tem vôo próprio e tende a ser adversário no futuro próximo, quando a sucessão presidencial começar para valer.
O terceiro ``presidenciável" (o governador gaúcho Antônio Britto) é um aliado do Planalto e, com seus companheiros do Rio Grande do Sul, está sendo acusado de ter sido o instrumento palaciano na manobra que criou o impasse. ``Os gaúchos estão no PMDB, mas são PSDB", dizem no partido.
A suspeita tem amparo ao menos na sequência dos fatos. Na segunda-feira, antes da reunião dos governadores, o senador Pedro Simon, também gaúcho, já anunciava o veto do PMDB-RS tanto a Jáder quanto a Paes de Andrade.
Defendia um nome alternativo. Citava o ministro da Agricultura, Odacyr Klein, também gaúcho, os deputados paulistas Michel Temer e Aloysio Nunes Ferreira Filho e o senador goiano Iris Rezende.
Ontem, Simon voltou a esses quatro nomes, em conversa com a Folha. ``O ideal seria um grande entendimento de todo o mundo em torno de um deles".
Mas os gaúchos parecem estar isolados na defesa dessa tese.
Jáder, como retaliação pelo veto dos governadores a ele e a Paes de Andrade, renunciou e passou a apoiar o deputado cearense. O presidente nacional do partido, Luiz Henrique (SC), também.
O deputado Marcelo Barbieri (SP), tido como o porta-voz mais autêntico de Quércia, fez discurso da tribuna, esta semana, defendendo a candidatura Paes de Andrade.
Só Sarney, das grandes lideranças do PMDB, fica quieto de público. Mas aos amigos que o consultam sobre quem apóia agora, limita-se a responder, sintomaticamente: ``Só há um candidato".

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