São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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BC injeta R$ 26 bi na economia

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma montanha de dinheiro ingressou na economia nos últimos dois meses. Foram, ao todo, R$ 22,4 bilhões. No próximo dia 11, entrarão mais R$ 3,6 bilhões.
A soma de todos esses recursos equivale a 4,9% do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional) ou ao que seria gasto na construção de dois Eurotúneis (túnel por baixo do Canal da Mancha que liga Inglaterra e França).
Apesar do samba que diz que ``dinheiro na mão é vendaval", o ex-ministro Mário Henrique Simonsen não consegue enxergar, a partir dessa montanha de dinheiro, uma explosão do consumo -com possível impacto nas taxas de inflação. ``O consumo vai crescer, mas não deve haver explosão."
Para ele, é preciso ponderar que esses recursos estão ingressando em uma economia que ``já estava bastante desaquecida" e que vivia a sobreposição de duas crises: ``uma crise de confiança, desencadeada pela intervenção no Banco Econômico, e uma crise provocada pela inadimplência."
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, pondera, porém, que o governo não abriu as torneiras porque a crise bateu no mercado financeiro.
A redução dos compulsórios, ``embora qualificada pela questão do Econômico", está ocorrendo porque o objetivo de frear a economia já foi atingido.
Para ele, era natural que os efeitos da freada chegassem depois aos bancos. ``O primeiro impacto acontece para quem carrega estoques. A indústria foi a mais atingida", afirma.
Agora, diz o secretário, a economia vai passar a andar no sentido contrário, o do reaquecimento. ``O pior já passou."
Segundo Mendonça de Barros, no curto prazo esse ingresso de recursos não vai virar aumento do consumo, via aumento do crédito. Mas a demanda por títulos públicos ``vai aumentar".
É o que preocupa Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central. Para ele, a política atual do governo vai acabar aumentando o endividamento público e ampliando o déficit fiscal (arrecadação de impostos menos despesas).

LEIA MAIS
sobre injeção de dinheiro nas págs. 4 e 9

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