São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Remoção de favela supervaloriza Berrini

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A remoção da favela do Jardim Edith pode transformar as avenidas das Nações Unidas e Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Brooklin (zona sul), na região comercial mais valorizada da cidade.
Um grupo de empresas quer aproveitar o desalojamento de parte da favela originada pelas obras da avenida das Águas Espraiadas, construída pela Prefeitura de São Paulo, para mudar os moradores para um outro ponto da cidade.
Um dos lugares cogitados é o Conjunto Habitacional do Barro Branco, no extremo leste da cidade, a ser construído pelas empresas em um terreno da prefeitura.
Os cerca de 3.000 moradores não aceitam o local por considerá-lo distante do centro (25 km). Como alternativa, encontraram um terreno de 41 mil m² no Jardim Educandário, na zona oeste. As empresas estudam sua compra.
Nesse caso, teriam menos dinheiro para construir as casas. Segundo Ricardo Coelho, assessor especial da Secretaria Municipal da Habitação, o grupo pretende gastar até R$ 8 milhões no processo. O terreno custa R$ 2 milhões.
A empreiteira baiana OAS e a prefeitura estão negociando com os moradores da favela. Os nomes das empresas do grupo não são revelados. A OAS nega fazer parte.
As empresas reuniram-se sob o nome de ``Associação de Promoção Habitacional e Social". O telefone da associação não consta do serviço de informações da Telesp.
O interesse das empresas tem explicação. Para Waldomiro Bussab Filho, diretor da Bolsa de Escritórios de São Paulo, que não faz parte do grupo, a remoção da favela significará uma valorização de 20% a 30% dos imóveis da região.
Isso seria suficiente para transformá-la na área comercial mais cara da cidade. Segundo o Datafolha, o preço médio de venda dos escritórios na Berrini e marginal Pinheiros, hoje, só é inferior ao registrado na avenida Paulista (R$ 1.319 contra R$ 1.445).
A região ainda tem a vantagem de possuir muitos terrenos vazios, ao contrário da Paulista.
``A saída da favela vai melhorar a ocupação da região", diz Luís Gonzaga Soares Mayor, diretor da Richard Ellis, consultoria especializada em imóveis comerciais.
A valorização será mais acentuada entre os terrenos vizinhos à favela. Donos de pequenos imóveis aguardam a remoção da favela para vender os seus terrenos, cobiçados pelas construtoras.

LEIA MAIS
sobre a remoção da favela na página 9-3

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