São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Índice
`Circus' diverte com mistura de linguagens
MÔNICA RODRIGUES COSTA
Você só não acredita que ``Circus" é completamente tradicional, porque vão aparecendo características que o singularizam. Os animais são bonecos que ganham vida nas mãos e gestos de dois manipuladores, Claudio Saltini e Marco Antonio Lima. Esses bichos são estranhos ao ambiente do circo. Primeiro ovos, depois avestruzes, então uma mosca dançarina. Ao elenco de bonecos, acrescentam-se um faquir, um mágico e um homem-bala, que encerra o espetáculo. Entre os números com bonecos, os manipuladores assumem o papel de atores, transformam-se em elefante e seu domador. Saltini ainda faz o limpador do picadeiro e finge que vai jogar água na platéia -motivo de suspense e risos. ``Circus" é uma brincadeira metalingística sobre diversas linguagens que compõem os espetáculos de teatro e circo. O palco é uma carroça de teatro itinerante medieval. Os atores-manipuladores de ``Circus" ficam atrás dos bonecos, que são manipulados com mestria. Conscientes de suas técnicas, os dois dominam a fórmula de dar vida a bonecos. Mexem com fios, varas, fantoches. O número com o faquir é um dos pontos altos da manipulação. O espectador talvez se pergunte como aqueles artistas conseguem transmitir tanto realismo. Não há truque de iluminação, os movimentos acontecem a olhos vistos, não se trata portanto do teatro negro, ou de sombras. Também não é um teatro de estrutura rígida ou fixa, tal como o bunraku descrito nos livros sobre essa técnica japonesa de manipulação. O boneco do bunraku é manipulado por três artistas. Um controla a cabeça e o braço direito do boneco; o segundo, o braço esquerdo e o terceiro, as pernas. Mas não há como não pensar no bunraku ao ver o faquir dançar, a mosca entrar e sair de cena. O público fica encantado com os movimentos dos pés dos ovos, as proezas do faquir engolidor de espadas e com os chiliques da mosca vaidosa, que tem um ataque de nervos por não conseguir se sentar em uma maldita cadeira fugitiva. A palavra não tem vez nesse teatro, nem precisa ter. As cenas fluem com simplicidade, tudo é compreensível, ``Circus" é feito para divertir o público. A direção é de Eduardo Amos, o mesmo de ``Truks, A Bruxinha". Junto com Saltini e Lima, Amos integra o grupo A Cidade Muda, criado em 1983. ``Circus" é o primeiro trabalho do grupo para crianças. Peça: Circus Direção: Eduardo Amos Elenco: os manipuladores de bonecos Marco Antônio Lima e Claudio Saltini Onde: Centro Cultural São Paulo, sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611) Quando: sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 5,50 Texto Anterior: Fortuna faz show grátis no Ibirapuera Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |