São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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Banco enfrenta 2 problemas distintos

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois problemas diferentes para equilibrar a situação do Banespa. Um é incluir propriedades no ativo do banco para que o balanço não exiba prejuízo. Outro é arrumar de R$ 5 bilhões para capitalizar a instituição.
A proposta que o governador Covas apresentou ao Banco Central contempla apenas o primeiro problema. O segundo fica dependendo de um empréstimo externo. E a questão é: quem vai bancar esse empréstimo?
O governo paulista deve R$ 13 bilhões ao Banespa. Parte dessa dívida já pode ser colocada como crédito em liquidação, isto é, dinheiro praticamente perdido.
Covas faz uma proposta pela qual o governo paulista transfere ao Banespa algumas propriedades no valor de R$ 4,5 bilhões e assume a dívida trabalhista do banco, esta no valor de R$ 1,5 bilhão.
Portanto, isso faz crescer o ativo do banco -o lado do balanço onde está o que a instituição tem ou pode receber, por exemplo, vendendo as propriedades- e diminui as dívidas.
Mas há um segundo problema. O Banespa sofreu a intervenção do BC porque todo dia precisava tomar emprestado de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões para fechar seu caixa.
No momento da intervenção, o Banespa estava tomando esse dinheiro no BC, porque outros bancos já não o financiavam. Depois da intervenção, o Banespa voltou, aos poucos, a tomar o empréstimo junto a outros bancos.
Mas continua precisando daquele dinheiro para equilibrar suas contas e continua pagando juros caros para tomá-lo emprestado. A solução aqui é um aporte de capital no valor daqueles R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões.
Isso é aproximadamente a outra metade da dívida do governo paulista com o seu banco. O governo não tem esse dinheiro, que representa cerca de seis meses de arrecadação paulista de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço), a principal receita do Estado.
Pela proposta de Covas, a saída é o governo paulista tomar um empréstimo externo, que pagar juros bem menores que os internos, e capitalizar o Banespa.
O problema é saber quem vai emprestar todo esse dinheiro.
O Banco Mundial, por exemplo, informou que tem US$ 1,5 bilhão para financiar o saneamento de bancos estaduais brasileiros, mas desde que isso seja feito num programa de privatização -o que Covas não quer. Esse é o impasse.

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