São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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BC adia definição sobre intervenção no Banespa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Equipe econômica considera inconsistente proposta do governador Covas
O Banco Central adiou ontem a definição de um acordo com o governo de São Paulo para solucionar a situação financeira do banco estatal paulista, o Banespa, e pôr fim à intervenção federal que dura oito meses na instituição.
A equipe econômica avalia que o governo de São Paulo não tem como garantir que encontrará, a médio e longo prazo, compradores para os bens que quer vender para levantar R$ 6 bilhões e pagar metade da dívida que o Estado tem junto ao Banespa.
Covas propõe a venda de diversos imóveis do Estado, como terrenos de aeroportos e hidrelétricas, para saldar 50% da dívida do governo estadual junto ao banco -que soma R$ 13 bilhões. O resto seria, segundo a proposta, negociado com empréstimos vindos do exterior com juros baixos e o aval do BC (leia texto abaixo).
A equipe econômica considera a proposta do governador tecnicamente inconsistente. A saída política encontrada ontem foi pedir a ele um melhor detalhamento do seu plano em um telefonema do presidente do BC, Gustavo Loyola, ao Palácio dos Bandeirantes.
A preocupação da equipe econômica era a de evitar que, como aconteceu no caso Banco Econômico envolvendo os baianos, fosse divulgada a versão de que o governo aceitara a solução paulista.
Covas falou pelo telefone, no início da tarde com Loyola, que explicou os termos da carta que enviaria até hoje ao governador. O documento, segundo Covas, determinará que o BC considera a proposta ``examinável".
O BC pedirá, ainda, o detalhamento de quatro pontos: como o governo paulista pagará metade da dívida com a venda de patrimônio do Estado; como será a transição da administração do banco, hoje sob intervenção do BC; que modificações serão feitas no estatuto do banco para permitir a profissionalização da gestão e como ficará a privatização do banco.
O governador Covas considerou a resposta do BC ``positiva", apesar de não ser conclusiva. Depois de falar com Loyola, Covas e o secretário da Fazenda de São Paulo, Yoshiaki Nakano, receberam cerca de 20 dos 70 membros da bancada do Estado no Congresso para discutir a situação, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Havia a perspectiva do anúncio de um acordo, que acabou não ocorrendo. Mesmo assim, na avaliação da maioria dos presentes ao encontro, deu-se um passo politicamente importante para a solução do problema.
A expectativa de Covas e de lideranças políticas paulistas é de que a intervenção do BC no Banespa termine logo. Covas avalia que, com o Estado pagando parte de sua dívida e negociando o pagamento do restante, não haverá mais motivo para que a intervenção continue.
``O problema do Banespa não é do Banespa, mas a dívida do Estado com o banco", disse Covas. Ele afasta a possibilidade de negociar a privatização do banco antes de o governo paulista recuperar a sua administração.
``O BC pode exigir que o banco cumpra as regras do sistema financeiro, mas não pode determinar que o governo venda o controle acionário. Isso será definido posteriormente pelo acionista majoritário que é o Estado de São Paulo", afirmou o governador.
Loyola e o ministro Pedro Malan (Fazenda) preferiram redigir a carta para, sem melindrar Covas, manter as negociações condicionadas às viabilidades técnicas.

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