São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Japão testa reator nuclear sob protestos

DA REPORTAGEM LOCAL; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Modelo conhecido como “fast-breeder” produz o combustível de que necessita para geração de eletricidade
Das agências internacionais e da Reportagem Local
O primeiro protótipo japonês de gerador nuclear do tipo “fast-breeder” (algo como regenerador rápido, mas sem tradução específica para o português) foi testado ontem com sucesso, sob protestos ambientalistas.
O reator produziu, durante uma hora, 14 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 50 mil pessoas. Isso equivale a 5% de sua capacidade.
Batizado Monju, o reator japonês é o segundo maior do mundo na categoria, ficando atrás do francês Super Fênix. A França é líder nessa tecnologia.
Os reatores do tipo “fast-breeder” se caracterizam pela produção do próprio combustível (o elemento químico plutônio) a partir do mineral urânio como é encontrado na natureza (sem ser “enriquecido” por meios artificiais).
Além disso, esses reatores produzem 1,2 vezes o que necessitam de plutônio. O excedente pode ser usado, por exemplo, como combustível para usinas nucleares convencionais e para a fabricação de armas nucleares.
“É como se um carro refinasse o petróleo para poder usar a gasolina”, explica João Arruda Neto, professor de física nuclear do Instituto de Física da USP.
Arruda acha que, apesar de custar muito mais que um reator convencional (o Monju custou US$ 6,2 bilhões), um “fast-breeder” se justifica em países como o Japão, que não possuem reservas naturais de urânio.
O país precisa importar o combustível para alimentar suas usinas nucleares. Mas o transporte e uso desse material é criticado por entidades ambientalistas.
Durante o teste, cerca de cem pessoas protestaram perto da usina. Eles diziam que Monju não passa de um “experimento nuclear, do mesmo tipo que os realizados pela China e pela França”.
Os reatores “fast-breeder” também apresentam riscos maiores de acidentes. “É uma segurança muito mais delicada, porque o reator faz tudo sozinho”, diz Arruda.

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sobre protestos antinucleares à página 2-11.

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