São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995 |
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Alívio rápido
ANDRÉ LAHÓZ O Conselho Monetário Nacional deve aliviar hoje o prazo dos consórcios.Paralelamente, o governo vem reduzindo ultimamente os depósitos compulsórios que os bancos mantêm no Banco Central. Continua, assim, a política de abrandamento gradual do aperto monetário. Essa política vinha sendo anunciada há meses. Na prática, o arrocho monetário começou a ser aliviado para valer há apenas algumas semanas. Tal alívio é uma medida acertada. O aperto ao crédito foi necessário. A economia estava andando rápido demais. O Brasil cresceu a um ritmo superior a 10% ao ano no primeiro trimestre de 95. Essa taxa de crescimento incomodava no início do ano. Aliada a ela, havia uma forte e exagerada valorização do real. O resultado foi uma brusca inversão no desempenho comercial brasileiro. Em pouco tempo, o país não teria mais dólares e produtos suficientes para atender à demanda interna. A diminuição no ritmo de crescimento se justificava, então, tanto para resolver as contas externas quanto para ajudar no combate à inflação (é evidente que esses dois problemas estão relacionados). Parece cada vez mais claro que o aperto ao crédito foi extremamente eficiente na solução dos dois problemas. O país já voltou a ter superávit comercial (quando as exportações são maiores do que as importações). Na verdade, foi um equilíbrio em julho, uma vez que o saldo positivo foi irrisório. O importante, no entanto, foi a reversão ocorrida. Ainda é cedo para dizer que o setor externo brasileiro está equacionado. Mas pode-se afirmar que a restrição ao crédito já cumpriu seu papel. Se de fato ainda houver um problema nesse lado, ele não será resolvido com mais aperto. As dúvidas hoje existentes são quanto à competitividade dos produtos nacionais. O tempo irá mostrar quão competitivos são os bens nacionais, conforme ocorra um equilíbrio no nível de estoques do país. Mas, se de fato existir, o problema da competitividade não deve ser resolvido com redução no nível de demanda. Seria o mesmo que condenar o país a diminuir eternamente. Melhor é tocar em questões como taxa de câmbio e ``custo Brasil". Pelo lado da inflação, o governo só tem motivos para comemorar. A taxa de inflação de agosto está surpreendendo positivamente a todos. E não se imagina um novo repique nos próximos meses. Se os ``benefícios" do aperto monetário já se fizeram sentir, os malefícios estão se acumulando. Trata-se da crescente pressão política contra a equipe econômica. Empresários e trabalhadores estão aumentando seus protestos contra o aperto de crédito. Basta ver a recente manifestação no ABCD, unindo diversos sindicatos inimigos a empresários e políticos de diversos partidos. Tal manifestação seria impensável no primeiro semestre. Mas o crescimento do desemprego abre espaço para o surgimento de ações contra o governo. As empresas e instituições bancárias estão passando por dificuldades reais. As demissões são um reflexo disso. A continuidade rápida do desmonte da política de aperto ao crédito pode impedir a deterioração do quadro social do país. Texto Anterior: Cofres entupidos; Dedução ignorada; Movimento interrompido; Credores seletivos; Freio de mão; Curva fechada; Papel em alta; Ganho líquido; Prognóstico de lucro; Outro time; No mercado Próximo Texto: Dallari e o Econômico, o público e o privado Índice |
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