São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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CUT muda posição e fala em greve geral

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Articulação Sindical, corrente majoritária na direção da CUT, mudou sua posição na Plenária Nacional e já fala na construção de uma greve geral contra o governo FHC. No texto inicial da corrente, aprovado ontem, esse tipo de paralisação não estava prevista.
"A greve dos petroleiros mostrou que as categorias em luta não podem ficar isoladas', afirma o tesoureiro da CUT, Remigio Todeschini, da Articulação Sindical.
Os petroleiros definiram em congresso próprio que iriam à plenária da CUT propor a preparação da greve geral dentro de uma frente ampla com toda a sociedade.
O próprio coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Antônio Carlos Spis, defendeu na plenária "a construção de um movimento contra o projeto neoliberal de FHC, com sem-terra, Igreja, empresários e sociedade civil e, dentro da mobilização, utilizar a greve geral como instrumento".
Spis elabora a emenda sobre o tema que deve ser votada amanhã.
"Queremos definir um calendário de lutas e tirar uma proposta, se possível, de consenso. Não vamos marcar uma data burocrática para a greve, mas devemos prepará-la desde já", afirma.
Spis diz que greves das categorias com data-base em setembro, como bancários e petroleiros, se necessárias, podem ser o estopim do movimento mais amplo.
"A cúpula da Articulação teve de fazer um acordo com os petroleiros sobre a greve geral", diz José Maria de Almeida, presidente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, antiga Convergência Socialista) e da executiva da CUT Nacional.
Todeschini discorda: "O texto inicial da Articulação foi escrito no início de julho e desde lá as coisas mudaram. A recessão e o desemprego cresceram muito."
"O dia nacional de luta que vamos fazer em setembro já pode contar com a paralisação de diversas categorias", disse o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva.
Petrobrás
A Petrobrás já está se preparando para enfrentar uma nova greve dos petroleiros. O presidente da empresa, Joel Rennó, disse ontem que no caso de um novo impasse, o governo irá tomar as medidas necessárias. "A empresa está preparada para todas as situações".
As negociações com os trabalhadores começaram nesta semana. Das 110 cláusulas da proposta apresentada pela Federação Única dos Petroleiros, a Petrobrás respondeu 61. A empresa quer a revisão de todos os artigos acertados no acordo coletivo de 94.

Colaborou a Sucursal de Brasília.

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