São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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'Lancelot' empobrece a lenda do rei Arthur

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Lancelot
Produção: EUA, 1995
Direção: Jerry Zucker
Elenco: Sean Connery, Richard Gere, Julia Ormond
Estréia: hoje nos cines Gazetinha, Eldorado 1, Comodoro, Calcenter 3, Gemini 1 e Paulista

O filme "Lancelot - O Primeiro Cavaleiro" vai por água abaixo logo na primeira cena, quando Richard Gere anda. É um andar blasé, de quem desfila roupas de uma grife qualquer. Nada a ver com a postura de um plebeu que mais tarde se torna um dos cavaleiros da Távola Redonda.
Assim como Richard Gere não convence como Lancelot, a bela Julia Ormond tampouco se sai bem como lady Guinevere (seus olhares de jovem tímida não fazem jus a uma rainha). E Sean Connery consegue a duras penas dar alguma credibilidade a seu rei Arthur. O elenco de estrelas está completamente apagado neste "Lancelot".
Mas não é só o elenco o responsável por este fiasco. Até a Globo, em suas novelas mais ingênuas, resolve melhor os conflitos narrativos que este filme. Em "Lancelot", tudo se constrói e se desfaz com uma desenvoltura digna de desenhos animados para crianças.
Lancelot é o super-herói que salva a mocinha das maneiras mais mirabolantes. Inclua aí uma queda de cachoeira que leva o filme e os personagens, de novo, por água abaixo.
O vilão Malagant (Ben Cross), que quer tomar Camelot e Leonesse, os reinos de Arthur e Guinevere, respectivamente, tem mais cara de mau do que qualquer monstro de desenho japonês. E é cruel como só ele.
O triângulo amoroso Lancelot-Guinevere-Arthur resolve-se de uma maneira que ninguém tem que optar por ninguém. Todos vivem felizes para sempre.
Tudo bem, o filme podia ser bobo e bem-feitinho. Nem isso. Sobram cenas de ação, mais precisamente de esgrima, exatamente espadas e escudos brilhando na noite, num dos duelos mais cafonas que o cinema já produziu.
Enfim, em "Lancelot" (filme dirigido por Jerry Zucker, o mesmo de "Ghost - Do Outro Lado da Vida"), a rica lenda do rei Arthur resume-se a espadas brilhantes, interpretações apagadas e uma historinha de amor.

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