São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Projeto acaba com mortalidade infantil

ELIAS GIBRAN NETO
ENVIADO ESPECIAL A JABORANDI (SP)

A mortalidade infantil na cidade de Jaborandi (116 km de Ribeirão Preto, nordeste de São Paulo), com cerca de 7.000 habitantes, foi praticamente zerada com a implantação do Projeto Aroeira, em 93.
Em 92, segundo a Secretaria da Saúde, a mortalidade era de 66 crianças para cada mil nascimentos. No ano seguinte, o número foi igual a zero. No ano passado uma criança morreu e neste ano ainda não houve mortes registradas.
O Projeto Aroeira começa no sétimo mês de gestação das mulheres da cidade. As mães recebem mensalmente da prefeitura uma cesta básica. São atendidas uma média de dez mães por mês.
A grande responsável pela queda de mortalidade é a escola Curumim, uma espécie de creche-escola que abriga cerca de 150 crianças de zero a 6 anos de idade.
Segundo o prefeito Sílvio Vaz de Almeida (sem partido), a escola constitui a primeira fase do seu projeto. A segunda é a Fundação Aroeira, destinada aos adolescentes dos 12 aos 18 anos de idade.
Na escola Curumim as crianças recebem quatro refeições por dia e contam com apoio de professores, pediatras e psicólogos. Elas entram às 8h e saem às 18h.
A coordenadora da escola, Vera Lucia de Souza Cardoso, afirma que muitas crianças chegaram à escola desnutridas e doentes. "Muitas estariam mortas hoje caso não fossem assistidas", afirma.
A segunda parte do projeto, a Fundação Aroeira, inclui cerca de 120 adolescentes, 35% dos jovens dessa faixa etária no município.
A fundação inclui diversas atividades de aprendizado profissional, como fabricação de blocos de concreto, tratamento de hortas em estufas, suinocultura e piscicultura.
A exigência da prefeitura para que as crianças participem do projeto é a obrigatoriedade do estudo.
Segundo o prefeito, as crianças recebem remuneração de acordo com a idade e de acordo com a frequência escolar. As crianças dos 12 aos 14 anos recebem R$ 40; dos 14 aos 16, R$ 70; e dos 16 aos 18 ganham por mês R$ 90. Caso o aluno obtenha 100% de frequência escolar, ganha adicional de 20%.
O aprendiz de pedreiro Marco Antonio Batista, 15, trabalha na reforma de uma casa e ganha por mês R$ 80. "Não recebo mais porque falto na escola", diz.
Alex Pinheiro dos Santos, 16, trabalha na sapataria e diz que recebe R$ 102. "Antes eu colhia algodão no campo. Estou gostando muito de trabalhar aqui."
No sítio da fundação foram plantadas 600 árvores frutíferas. São criadas também 62 cabeças de gado, 32 matrizes de porcos, 2.000 frangos e 20 mil peixes.
A produção é destinada ao consumo dos alunos do projeto e a outras entidades públicas do município, segundo Almeida.
Desde a implantação, há três anos, o Projeto Aroeira consumiu US$ 400 mil. Segundo o prefeito, todos os recursos vieram da prefeitura. O orçamento mensal do município é de US$ 120 mil.
"Com a produção anual do sítio, da sapataria, da olaria e da horta, podemos cobrir o custo do projeto e, dessa forma, torná-lo auto-sustentável", diz o prefeito.
Almeida começou na política em 92. Eleito recentemente pelo PMDB, abandonou o partido por achar que sua ligação com o PMDB dificultasse suas relações com o governador do Estado, Mário Covas (PSDB).
Sua formação inclui graduação em economia e em administração de empresas, além de mestrado em finanças e marketing nos EUA.

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