São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Os supercinemas chegam ao Brasil

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Severiano Ribeiro, dono da maior cadeia de cinemas do país, vasculha áreas em São Paulo e Rio de Janeiro, entre outros Estados, para construir megacentros de entretenimento.
Joint venture firmada com a UCI (United Cinema International), da Grã-Bretanha, prevê investimento de US$ 60 milhões para o lançamento de dez "cineplex" até o ano 2000.
"Cineplex" é um complexo com dimensão quase equivalente à de um campo de futebol que abriga de 8 a 16 salas de exibição, restaurantes, fast-food, lojas, boliche e estacionamentos.
"Pelo menos três deles vão ser abertos em São Paulo", disse à Folha o empresário Francisco Pinto Jr., 54, diretor de desenvolvimento do grupo.
Com inauguração prevista em abril de 1997, o primeiro complexo vai funcionar nas dependências do shopping center de Boa Viagem, em Recife (PE). Terá 12 salas, que somarão cerca de 1.500 poltronas.
Além desses centros de entretenimento, o grupo Severiano Ribeiro anunciou a abertura de outros 70 cinemas nos próximos dois anos -investimento que soma R$ 250 mil.
É a primeira investida no mercado paulista do grupo carioca, fundado em 1917 e dono de 110 cinemas, que detêm uma fatia de 19% dos estimados 85 milhões de tíquetes de cinema que serão emitidos no país em 1995.
"O objetivo do 'cineplex' não é fazer concorrência a outros circuitos, mas incorporar o público de não-frequentadores", afirma o empresário.
"Havia 4.000 salas no país no final da década de 70, quando se chegou a vender 200 milhões de tíquetes anuais. Restam hoje 1.650 salas", calcula.
A evolução do preço do ingresso médio -de US$ 0,70 para atuais R$ 4,20- deve-se, segundo ele, à queda de público. Além disso, o fechamento de muitos cinemas de grande porte decorreu da valorização dos imóveis.
"As salas instaladas em shopping centers, embora menores, detêm 70% da receita de bilheteria", afirma Tadeu Masano, um especialista em geografia de negócios contratado pelo grupo carioca para identificar as áreas mais favoráveis ao empreendimento.
Uma pesquisa conduzida por Masano constatou que a ausência de restaurantes e equipamentos de lazer ao redor dos cinemas de rua parece ser o principal fator responsável pelo menor índice de frequência.
"O 'cineplex' representa um novo ciclo da indústria do cinema, que sofre concorrência das TVs a cabo e videolocadoras", afirma Masano. Segundo ele, a definição do mix de lojas vai depender da localização de cada complexo.
A UCI, parceira do grupo Severiano Ribeiro, é de propriedade dos estúdios Paramount e Columbia Pictures e possui 420 salas de exibição na Europa.
"Sabemos que há outros grupos internacionais interessados em atuar no mercado brasileiro e não poderíamos ficar de fora", diz Pinto Jr., ao se referir ao AMC (American Movies Cinema) e Cinemark.
Os três primeiros empreendimentos, revela ele, serão bancados com recursos próprios. Para os demais, os grupos pretendem alavancar financiamento junto a investidores nacionais e internacionais.
Também não está descartada a parceria com proprietários dos terrenos nos quais os megacentros de entretenimento serão erguidos.
"Os projetos básicos ficarão prontos dentro de um mês", afirma o empresário. O grupo vai administrar as salas, mas os pontos comerciais serão sublocados.

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