São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Abertura atrai bancos de investimento

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Goldman Sachs, Lehman Brothers e Oppenheimer -que estão entre os cinco maiores bancos de investimento e corretoras dos Estados Unidos- abrem seus escritórios no Brasil, atraídos pelo potencial de negócios.
As novas instituições devem atuar nos processos de fusões e aquisições, privatização e lançamentos de títulos de empresas brasileiras no exterior.
O Goldman Sachs, banco líder em fusões e aquisições no mundo, inicia hoje as operações em seu novo escritório, em São Paulo.
Em um mês, atuando em salas alugadas, conseguiu a façanha de adquirir 20% do capital da Arisco, investindo US$ 70 milhões.
Fundado em 1889, o Goldman Sachs possui 173 escritórios nos Estados Unidos -onde fica a sede- e 21 em outros países (incluindo o do Brasil).
O comando das operações da filial brasileira estará a cargo do economista Eduardo Gentil, ex-vice-presidente do JP Morgan.
A corretora Lehman Brothers trouxe de Nova York o executivo brasileiro Carlos Guimarães para abrir seus escritórios no Brasil.
O Oppenheimer -um dos principais bancos de investimento dos Estados Unidos, que administrou carteira de US$ 35 bilhões em 1994- também abre seu escritório de representação no país.
A instituição vai atuar em fusões e aquisições e captar dinheiro para empresas no exterior, via empréstimos ou lançamento de ações.
Os diretores da Oppenheimer no Brasil -Eduardo de Almeida Pires Filho e Pedro Paulo de Campos- fizeram suas carreiras no mercado financeiro dos EUA.
A abertura da economia brasileira ao exterior e a estabilização econômica com o Plano Real tornaram o Brasil bastante atraente para negócios, afirmam.
No Brasil, o Oppenheimer deve realizar relatórios para seus clientes no exterior sobre o desempenho de algumas companhias, área em que também é especializado.
Ceval, Duratex, Iochpe, Refripar, Telebrás e Telesp, estão entre as empresas que devem ser analisadas pelo Oppenheimer.
Ricardo Fleury Lacerda, especialista em mercado financeiro da Universidade de Columbia (Nova York), diz que os bancos internacionais que estão chegando no Brasil estão apostando no potencial de negócios e no desenvolvimento da economia brasileira nos próximos anos.
Desde 1990, com o processo de abertura da economia brasileira, passaram a desembarcar no Brasil as grandes corretoras e bancos internacionais, como a japonesa Nomura e os norte-americanos Merrill Lynch, Salomon Brothers (associada ao Banco Patrimônio) e Bear Stearns.
Os ganhos dos bancos no exterior estão se reduzindo e há um processo de fechamento de instituições e mesmo fusões nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Na semana passada, por exemplo, ocorreu a fusão entre o Chase Manhattan e o Chemical, formando o maior banco dos EUA.
Segundo ele, os novos bancos e corretoras vão atuar no início com estruturas pequenas no Brasil e com poucas pessoas, mas bem qualificadas.
Lacerda diz que, em geral, as instituições internacionais devem operar no segmento de captação de recursos externos para financiamento de investimentos de empresas brasileiras (como é o caso da Merrill Lynch e do banco francês Paribas na abertura de capital do grupo Pão de Açúcar).
Devem atuar em consultoria financeira e assessoramento de privatizações (no setor elétrico, por exemplo). Devem também adquirir participações em bancos brasileiros, como foi o caso na semana passada do Hong Kong & Shangai no Bamerindus.
Ele observa ainda que chama a atenção dos investidores internacionais o volume de negócios movimentado pelo mercado de capitais no Brasil. A Bolsa de Valores de São Paulo tem movimento dez vezes maior do que a de Buenos Aires, acrescenta.

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