São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Varejo deve se adaptar a novo consumidor

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

No ano 2000, o mundo terá 2,1 bilhões de adolescentes e esse dado não é meramente demográfico. As grandes cadeias mundiais de varejo apenas sobreviverão se conseguirem acompanhar, nos 40 anos seguintes, as tendências dessa massa de consumidores.
O raciocínio é exposto por um dos mais experientes consultores norte-americanos do ramo, Gene Wright, da Andersen Consulting.
Ele toma como base de comparação o impacto geado no comércio dos EUA pelo "baby boom (os 78 milhões de crianças nascidas entre 1945 e 1960).
"A nova massa de consumidores será 50 vezes maior e também será a primeira que encontrará padrões de consumo e circuitos mundializados de comercialização, diz ele. Ou seja, as lojas podem importar em lugar de se limitar aos fornecedores locais.
Por enquanto, essa tendência desperta mais perguntas que respostas. Essa nova geração de consumidores será majoritariamente asiática e latino-americana. Não dá para prever, no entanto, qual será o crescimento do poder aquisitivo nessas duas regiões.
Mas será prioritariamente para esses mercados que deverão se expandir as cadeias de varejo dos Estados Unidos, Canadá, Europa Oriental, Austrália e Japão, que já estão com seus mercados internos saturados.
Documento da Andersen qualifica de alto risco (que exige investimento seletivo) países como China, Indonésia, Malásia, Tailândia e Índia. Mas aponta riscos menores em países como Taiwan, Coréia, Argentina, México e Brasil.
No caso brasileiro, a empresa de consultoria (32 mil empregados em todo o mundo e US$ 3,4 bilhões de faturamento no ano passado) possui uma visão mais imediata, que toma por base a emergência de um novo modelo.
Em termos históricos, os dois grandes impactos ocorreram quando o Grupo Pão de Açúcar introduziu nos anos 50 o sistema de self-service e quando o Carrefour, nos anos 70, chegou com os hipermercados de gestão descentralizada (compras por conta do gerente de cada unidade).
Agora, avaliam os consultores, o novo padrão será dado pela Wal-Mart, que traz novidades como o sistema de encomendas contínuas, feitas por rede de computadores, o que permite que as lojas operem com baixíssimos estoques.

O jornalista JOÃO BATISTA NATALI viajou aos Estados Unidos a convite da Andersen Consulting.

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