São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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FHC acena para oposição e ataca o Cruzado de Sarney

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que está aberto ao diálogo com a oposição e chamou de "disputa vã" os desentendimentos entre os dois principais partidos que o apóiam -o PFL e o PSDB.
Segundo ele, essa disputa "irrita o povo". FHC discursou ontem no Palácio do Planalto ao abrir a reunião em que apresentou o Plano Plurianual do governo a ministros, líderes do governo e representantes dos partidos aliados.
"Nós não vamos nos deixar engolfar por questões menores", disse o presidente, numa referência indireta às brigas entre pefelistas e tucanos.
Para FHC, as divergências podem tirar credibilidade dos partidos envolvidos. "A nossa união tem de ser em torno de objetivos, e quem mais se destacar na realização desses objetivos, mais respeito terá do país", ressaltou.
Com relação à oposição, o presidente disse que "o governo precisa do apoio de todos os partidos". Em seguida, completou: "Se os que estão em oposição desejarem trabalhar num tópico ou noutro, ou nos tópicos que quiserem, o presidente da República estará sempre aberto ao diálogo, sem nenhuma exigência de contrapartidas", declarou.
Ele fez questão de ressaltar que pretende estabelecer essa aproximação com base no "amor pelo país" e não em "retaliações, retratações ou o que quer que seja". Dessa vez, a indireta foi dirigida ao presidente do PT, José Dirceu.
Segundo o petista, qualquer abertura de diálogo com o governo só será possível após uma retratação de FHC. Dirceu se referia ao episódio em que o presidente afirmou que "não é preciso ser burro para ser de esquerda".
Outro alvo de indireta de FHC foi o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), que está se colocando contra as propostas de reforma tributária e de prorrogação do FSE (Fundo Social de Emergência).
FHC condenou a condução do Plano Cruzado, lançado em 1986, durante o governo de José Sarney (1985-1990).
"Nós aprendemos com a história. Um programa bem lançado como o Cruzado não pôde seguir adiante da mesma forma porque não foram tomadas, no momento oportuno, as medidas de contenção de certos gastos", afirmou.
Segundo Fernando Henrique, não houve "condições de evitar que houvesse depois um superaquecimento da demanda e que houvesse também a possibilidade de desequilíbrio fiscal".
O presidente comparou o Cruzado ao Real e disse estar empenhado em não tomar medidas "que criem mais adiante dificuldades insuperáveis". Também defendeu "um patamar sustentado e sustentável" para o crescimento.
Segundo ele, o país está saindo da "perspectiva ilusória" de crescimento de 10% a 12% ao ano para perseguir uma meta de 4,5% a 5% "de modo continuado".
FHC defendeu a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional sobre a reforma administrativa do Estado e da criação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
"Nós estamos fazendo um grande esforço em termos de recursos (para a saúde), e o Congresso sabe que ainda é insuficiente e que nós estamos precisando de mais recursos". Ele disse que a meta do governo é reduzir o índice de mortalidade infantil à metade.
FHC disse querer acabar com a política clientelista. "Não estamos privilegiando ninguém, estamos criando critérios objetivos".

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Sobre o Plano Plurianual à página 1-8

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