São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Simonsen diz que país já vive recessão

DA SUCURSAL DO RIO

O economista Mário Henrique Simonsen acredita que o Brasil já está em recessão, mesmo sem poder se dar tecnicamente este nome ao atual momento da economia.
"A diferença entre desaquecimento e recessão é semântica", disse Simonsen, que foi ministro da Fazenda no governo Geisel e ministro do Planejamento no governo Figueiredo.
Para ele, "o efeito sobre as empresas e a taxa de emprego não depende do nome que se dá". Ele explicou que, tecnicamente, só há recessão quando há queda real do PIB (Produto Interno Bruto) por dois trimestres consecutivos.
O economista, aposentado do Conselho de Administração do Citibank no mês passado, disse que todos os planos implementados na América Latina começam com uma euforia de consumo e acabam na contenção da procura por produtos.
"Depois do festival de consumo, ficou a impressão na população de que o Plano Real tinha trazido consigo Papai Noel", disse Simonsen, para quem a solução para o impasse está no crescimento da poupança interna.
Para ele, o Brasil pode crescer a 3% ao ano nas atuais condições, mas se quiser crescer 6% ou 7% precisa tomar algumas medidas como a reforma previdenciária. "O Chile fez isto e está crescendo a 7%."
Simonsen criticou a reforma fiscal. Para ele, se o projeto não altera a carga tributária e não modifica a divisão dos impostos pela União, Estados e municípios, ele "parece supérfluo".
A velocidade do programa de privatizações também foi comentada por Simonsen. "Só faz sentido se retardar a venda se conseguir uma valorização de 20% ao ano", disse ele, defendendo, no entanto, uma lei clara para as telecomunicações.
Simonsen participou ontem, na sede da FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Rio, da entrega do 5º Prêmio de Excelência Empresarial a 12 empresas.
Julien Chacel, ex-diretor do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, previu que em 12 meses (até setembro de 1996) o dólar estará custando R$ 1,05. O crescimento do PIB deve chegar a 3%, a inflação ficará entre 25% e 30% e haverá queda no nível de emprego, disse.

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