São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Inflação tem a menor alta desde fevereiro, indica Fipe

Taxa de agosto fica em 1,43% na cidade de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação na cidade de São Paulo encerrou agosto com variação de 1,43%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe. É a taxa mais baixa desde fevereiro (1,32%).
O resultado foi 2,29 pontos percentuais menor que o de julho (3,72%). Com isso, o IPC acumula 17,65%. Em 12 meses, a taxa acumulada é de 27,66%.
Segundo a Fipe, a tendência de queda das taxas para os próximos meses indica que a inflação deve ficar em cerca de 25% neste ano.
O presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Juarez Rizzieri, disse que a inflação de setembro deve variar de 1% a 1,3%.
O recuo em relação a julho é resultado da queda generalizada das taxas que compõem o índice, disse Rizzieri (veja o quadro acima).
Segundo o presidente da Fipe, o esfriamento do consumo foi o principal responsável pelo resultado de agosto.
Ele aponta como causas do desaquecimento econômico: a manutenção de taxas de juros elevadas, o aumento do desemprego e a inadimplência -atraso no pagamento de dívidas, que impede a renovação do crédito e dificulta novas compras.
Alguns setores ou produtos, que antes pressionavam a taxa para cima, também ajudaram a baixar o IPC de agosto, com aumentos menores.
É o caso, por exemplo, dos transportes. Em julho, devido ao aumento de tarifas, o setor registrou alta de 5,74%. Em agosto, houve uma pequena queda: -0,12%.
O mesmo ocorre com o aluguel, principal "vilão" da inflação no Plano Real. A taxa recuou de 12,39% em julho para 9,25% em agosto e deve cair mais daqui para frente, segundo Rizzieri.
O aluguel subiu 221,19% em 12 meses, oito vezes mais que o IPC acumulado. Neste ano, a variação de 109,66% é seis vezes superior à da inflação.
A diferença cai para 4,4 vezes no acumulado dos últimos três meses. A redução gradativa da diferença mostra que o aluguel está se ajustando aos poucos e se aproximando da variação média dos demais preços.
O setor de saúde também contribuiu com o recuo do IPC. Subiu 2,28% em agosto, contra 6,19% em julho.
Os serviços também perderam o fôlego, num comportamento "típico de acomodação de demanda", segundo Rizzieri, o que quer dizer que a falta de procura impede novas altas.
A carne, item de maior peso entre os alimentos, subiu menos: 3% (média de 5,5% nos meses anteriores).
Os demais produtos agrícolas devem se manter estáveis até o final de outubro, quando começam a ser analisadas as perspectivas da próxima safra.
Diante desse cenário, "é de se esperar que a inflação fique bem-comportada até o fim do ano", afirmou Rizzieri.

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