São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Chico Science entra de vez na world music

BIA ABRAMO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chico Science & Nação Zumbi fincaram o pé no cenário da world music. A banda fez, entre junho e agosto, uma turnê pela Europa (Alemanha, Suíça, Holanda e Bélgica) e EUA (Nova York e Miami). E está colhendo os frutos.
A banda tocou em festivais conhecidos, como o de Montreux, na Suíça, e o JVC, em Nova York, em lugares que fazem parte da história do rock, como o CBGB's, também em Nova York. A turnê "From Mud to Chaos" (tradução para o inglês do nome do primeiro disco, "Da Lama ao Caos"), inteiramente planejada e parcialmente financiada pela própria banda, não deixou os meninos ricos, mas rendeu muitos contatos.
Mês que vem, Paulo André, o empresário da banda, participa de uma convenção na Bélgica de selos e produtoras de world music. Em dezembro, a banda embarca para outro festival, "Les Encontres Transmusicales", na França.
David Byrne, por exemplo, está querendo incluir algumas músicas de "Da Lama ao Caos" em uma compilação e lançar o segundo, que começa a ser gravado mês que vem, pelo selo Luaka Bop.
A parceria com Gilberto Gil, iniciada na apresentação no festival Summer Stage, em Nova York, pode ser o começo de uma longa amizade -e de uma participação no disco. No 1º Video Music Awards Brasil, Gil ("um mestre", segundo Chico) tocou "Macô", música do que vai estar no segundo CD, junto com Chico e a Nação Zumbi.
Sobre o novo disco, que deve ser lançado em janeiro, Chico Science ainda está cheio de reticências. "Ouvi muita música brasileira lá fora, coisas que eu não conhecia e coisas que fazia muito tempo que não ouvia. Uma das surpresas para o novo disco vai ser uma maior influência de MPB".
O quê, Chico? "Ah, matei a cobra, mostrei a marca do pau, só não mostrei foi o pau. É bom fazer segredo, as pessoas ficam curiosas. Mas eu gosto de Gil, Caetano Veloso, Alceu Valença, Jackson do Pandeiro... É tanta gente, tanta música legal..."
Dessa vez, a banda pretende tomar as rédeas da produção: "Estamos querendo trabalhar com o DJ e produtor Eduardo Bid e talvez chamar um técnico de fora".
O dinheiro que sobrou dos cachês (eles não tocaram de graça em nenhum lugar) foi investido em equipamento para o escritório da banda ("compramos um computador de última geração em Berlim, o problema é que está tudo em alemão") e discos.
Entre os prediletos, Chico cita a coletânea de dub "Macro Dub Infection" e uma compilação do selo alemão Piranha: "'Strictly Worldwide', que tem uma banda portorriquenha, que mistura Olodum, funk e canta em espanhol".

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