São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Produtos caros; Outro mundo; Professores; Menor; Truculência; Econômico; Moradores de rua

Produtos caros
"Quando nosso governo apenas aumenta os impostos sobre os produtos importados, e não diminui os impostos que incidem sobre os produtos nacionais, ele não segue a vontade popular. Tampouco possibilita aos nossos produtos uma maior competitividade, dentro e fora do país. Restringe-nos, enfim, o direito de comprarmos mais barato quaisquer produtos, importados ou nacionais."
Roberto Gomes Caldas Neto (São Paulo, SP)

Outro mundo
"O mundo parou para ver o lançamento do Windows 95. Que mundo é esse que parou? O meu não parou. Aliás, mais da metade da população do planeta não vive dignamente, não sabe o que é casa, comida e higiene. Como vai saber o que é um computador, um chip, um software?"
Marcelo Caetano (Curitiba, PR)

Professores
"Mais uma vez, o governo usa argumentos falsos para tentar deixar a população favorável a seu projeto de reforma do Estado. Desta vez, utiliza-se de um veículo de reconhecida credibilidade, que é a Folha. Na edição de 28/8, a coluna 'Painel' divulga que a renda per capita média dos servidores públicos federais é de R$ 30 mil ao ano, ou seja, R$ 2,5 mil ao mês. Essa informação é totalmente falsa. Com salários congelados desde janeiro, os professores das instituições federais de ensino superior, entre elas a Universidade Federal da Bahia, amargam grandes perdas. O piso salarial da categoria -professor auxiliar 1 em regime de 20 horas de trabalho semanais, é R$ 100,20. Com a Gratificação de Atividade Executiva, a remuneração bruta passa a R$ 260,52. O salário bruto de um professor no último nível da carreira (titular), com mestrado e doutorado, trabalhando em regime de dedicação exclusiva, é R$ 2.596,38. Dados da Superintendência de Pessoal da UFBa dão conta de que só 23 dos 1.922 professores dessa universidade são titulares."
Robério Marcelo R. Ribeiro, presidente da Associação dos Professores Universitários da Bahia (Salvador, BA)

Resposta do jornalista José Roberto de Toledo - A nota está correta. Trata de rendimento médio -não de casos específicos, como o dos professores da Bahia. Em 95, o gasto com os salários dos 1,2 milhão de funcionários públicos federais (ativos e inativos) é de R$ 36 bilhões. Dividindo-se um número pelo outro chega-se a R$ 30 mil de rendimento médio por funcionário ao ano.

"Em sua coluna de ontem, Clóvis Rossi critica-me pela avaliação que faço das propostas do governo federal para o ensino fundamental, atribuindo-a a um impulso oposicionista. Esclareço que a Apeoesp não está na oposição, nem apóia o governo. Quanto à nossa proposta de elevação dos recursos destinados ao Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, dos R$ 12 bilhões propostos pelo governo para R$ 40 bilhões, o articulista erra ao considerar que propus um montante aleatório e que se poderia pensar em 'R$ 80 bilhões ou R$ 100 bilhões'. R$ 40 bilhões correspondem a aproximadamente 9% do PIB, percentual que os países desenvolvidos (e muitos em desenvolvimento) aplicam em educação. Como chegar a esse montante de dinheiro ou algo próximo? Combatendo a sonegação fiscal, criando novas fontes de arrecadação, como, por exemplo, a taxação de grandes fortunas e um imposto específico sobre produtos supérfluos, e aplicando não 60%, mas a totalidade das verbas vinculadas à educação (25% dos orçamentos dos Estados e municípios). Tivesse sido mais atento, o articulista veria, na Folha de ontem, que eu considero a idéia do fundo correta e bem-vinda, ainda que insuficiente."
Roberto Felício, presidente da Apeoesp (São Paulo, SP)

Menor
"A Pastoral do Menor contesta, com toda veemência, as declarações do general da reserva Nilton Cerqueira, secretário estadual da Segurança Pública do Rio, feitas em palestra para empresários no Clube Americano. Ao contrário do que afirma aquela autoridade, quem 'protege e forma homicidas de 15 anos' não é o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas todos aqueles que descumprem as normas legais nele contidas, especialmente os agentes do poder público. O 'longo aprendizado no crime' não será, certamente, evitado pela punição criminal para infratores com mais de 14 anos, bastando que o estatuto seja integralmente cumprido."
Maria do Rosário Leite Cintra (São Paulo, SP)

"Discordo do sr. Munir Cury, procurador da Justiça de São Paulo, e apóio o secretário de Segurança do Rio, general Nilton Cerqueira. O Estatuto da Criança e do Adolescente, como todas as outras leis do país, é usado contra o cidadão comum, trabalhador que paga impostos e que está sujeito a assaltos e toda sorte de 'patifaria legal'."
Maria Auxiliadora Silva (Brasília, DF)

Truculência
"O assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo, sr. Adilson Laranjeira, tem dedicado boa parte do seu tempo a responder todo tipo de carta crítica à prefeitura, e pasmem, até discussões sobre erros de concordância. Está, na verdade, reeditando a triste figura do assessor Claudio Humberto, o tal do 'bateu, levou', como se nada de mais importante tivesse um assessor de imprensa a fazer. Quer, com suas respostas, intimidar as críticas que a população faz à administração malufista. Só mesmo quem age com essa truculência, velho vício da ditadura militar, pode imaginar que 80% da população de São Paulo apóie o prefeito."
Carlos Zarattini (São Paulo, SP)

Econômico
"O século 20 está quase terminando, e o círculo vicioso na política brasileira continua o mesmo. Só para citar um exemplo: Antônio Carlos Magalhães, o ACM, também conhecido como Toninho Malvadeza. Não é de se estranhar tal adjetivo. O episódio recente do Banco Econômico demonstra as contrariedades em que se afunda esse senhor, pouco digno de estar representando quem quer que seja no Senado. Enquanto o governo federal, frágil que é, trabalha -ou pelo menos finge- em torno do projeto de privatizações (vendendo o rentável e mantendo o obsoleto), ACM, um defensor ferrenho da desestatização, quer estatizar. Como entender isso? É uma palhaçada!"
Francisco Alexandre Volta (Rio de Janeiro, RJ)

Moradores de rua
"Muito oportuna a pesquisa Datafolha publicada em 3/9 sobre os moradores de rua da cidade de São Paulo, principalmente para esclarecer o leitor nazista que escreveu para esta coluna, na edição de 27/8, dizendo que a cidade se encontra infestada por nordestinos miseráveis. Bem, o que a pesquisa mostrou foi o contrário. Nas ruas de São Paulo, encontram-se pessoas originárias da própria região Sudeste, verdadeiros excluídos de uma sociedade com grandes desigualdades sociais. Triste e lamentável é que ainda existam pessoas com atitudes nazistas e discriminativas, ferindo antes de tudo o princípio de amor ao próximo, sem falar no princípio constitucional."
Sérgio Mangueira Bezerra (Campina Grande, PB)

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