São Paulo, sábado, 9 de setembro de 1995
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Juro no Japão cai para 0,5% ao ano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Banco Central do Japão reduziu ontem a taxa de redesconto (juro cobrado nos empréstimos aos bancos) para 0,5% ao ano, o patamar mais baixo já registrado no país e em qualquer economia industrializada.
A queda é mais uma tentativa de controlar o processo recessivo no país, mas analistas locais continuam pessimistas com o futuro econômico do Japão. É o último dos grandes países industrializados a enfrentar por três anos uma tendência de estagnação econômica.
A taxa de redesconto do BC japonês chegou a 9% em março de 1980, quando os juros subiram em todo o mundo, acompanhando o que ocorria nos EUA após o segundo choque do petróleo.
Em abril passado foi rebaixada de 1,75% para 1% ao ano, considerado recorde de baixa.
O BC espera que, agora, os demais juros praticados no mercado caiam "levemente abaixo" de 0,5%, adequando-se à inflação, estimada em 1% para este ano.
Mas há quem duvide dessas estatísticas, entendendo que haverá deflação (queda nominal de preços) de 0,3% este ano no Japão. A própria OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne os países ricos, tem essa previsão.
Frente à perspectiva de recessão, o governo japonês prepara um novo pacote de medidas para estimular a atividade econômica e o consumo internos.
O presidente do Banco Central, Yasuo Matsushita, disse "não ser possível afirmar que o país tenha entrado numa fase que desemboca numa recessão". Mas advertiu que também não dá para dizer que a economia japonesa está fora da zona de perigo. "Nossa decisão representa um forte sinal para os mercados."
Representantes da indústria e do mercado financeiro receberam bem a medida do BC. Entre outros efeitos, a queda dos juros deverá desvalorizar o iene (moeda local hoje supervalorizada) frente ao dólar e dar mais competitividade às exportações do país.
Ontem, de fato, a cotação do dólar já se recuperou frente ao iene, batendo na paridade de um dólar para 100 ienes, a mais alta dos últimos oito meses.
A medida pode dar oxigênio ao sistema bancário japonês, que também se vê às voltas com uma crise de insolvência considerada perigosa. Os bancos estão ameaçados de não receber, de volta, muitos empréstimos que concederam.
Shoichiro Toyoda, presidente da federação das indústrias do Japão (Keindanren), disse que a medida do BC foi tomada depois que os empresários demonstraram séria preocupação com a evolução da economia.
O Índice Nikkei da Bolsa de Valores de Tóquio subiu 3,74% após o anúncio da queda dos juros.

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