São Paulo, sábado, 9 de setembro de 1995
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Guimarães faz show entre o blues e o jazz

SÉRGIO TEIXEIRA JR.
EDITOR-ADJUNTO DE EXTERIOR

Show: Flávio Guimarães
Quando: hoje, às 19h30, e amanhã, às 18h30
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000), perto da estação Vergueiro do metrô, zona sul
Quanto: R$ 8 (estudantes com carteira da UNE ou da Ubes pagam meia-entrada)

É na fronteira do jazz com o blues que Flávio Guimarães, maior gaitista brasileiro da atualidade, faz dois shows neste fim-de-semana em São Paulo.
Serão duas apresentações no Centro Cultural São Paulo para lançar "Little Blues", primeiro CD solo de Guimarães, 31, e primeiro álbum exclusivamente dedicado à gaita a ser lançado no mercado brasileiro em eras.
O show começa em ritmo rápido. Com a distorção de um pré-amplificador, a gaita de Guimarães soa nervosa, e ele dá a primeira mostra de sua técnica.
Abusa do "tongue blocking" -técnica de cobrir com a boca quatro orifícios da gaita e tampar os dois do meio com a língua, tocando duas notas de uma só vez.
O destaque da primeira parte do show é "Sick and Tired", na melhor linha do blues "mulher eu te dou tudo e olha só o que você faz comigo".
Mas como o melhor é sempre o recheio, é no meio do show que Guimarães desfila o jazz que marca seu CD.
Estão no repertório do show "Tin Sandwich Swing" e "Blues Jam For Charlie", composta em homenagem ao grande gaitista americano Charlie Musselwhite.
Apesar de mostrar grande domínio da gaita cromática -modelo maior, que tem uma chave do lado direito-, é com a pequena gaita de blues que o jazz "blueseiro" de Guimarães soa melhor.
O destaque é "Take Five", clássico de Paul Desmond consagrado pelo quarteto do pianista Dave Brubeck. A versão de Guimarães explora os limites de seu instrumento em uma música composta para ser tocada no saxofone.
Depois, vem a parte acústica do show. Acompanhado do violão dobro de Otávio Rocha, Guimarães toca "Telephone Blues", faixa que abre "Little Blues".
O que faz falta é o vozeirão de Ed Motta, que no CD participa da também acústica "Honest I Do". A voz de Guimarães não é má, mas fica muito longe da "tuba humana" Ed Motta.
A banda é a espinha dorsal do Blues Etílicos -o próprio Guimarães, o guitarrista Otávio Rocha e o recém-integrado Pedro Strasser- e, portanto, perfeitamente entrosada.
Completam o time o baixista Ugo Perrotta (Big Allanbik) e o tecladista Marco Tomasso (da banda carioca Twins).
As apresentações de hoje e de amanhã são oportunidade única para conferir um show de gaitista -ou "músico excêntrico", nome de profissão que há 50 anos foi registrado na carteira de trabalho de Edu da Gaita. E, ao mesmo tempo, um show de blues de primeira qualidade.

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