São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Quercismo reinicia ataque a governo

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador paulista Orestes Quércia inicia hoje sua nova fase de ataque ao governo Fernando Henrique Cardoso.
Quércia é o inspirador do documento em que o PMDB paulista faz críticas duras a FHC. O texto, que será divulgado hoje em solenidade com a presença do ex-governador, servirá de base para o posterior pedido de rompimento do partido com o Palácio do Planalto.
O documento do PMDB de São Paulo, que será encaminhado como sugestão à direção nacional da legenda, diagnostica uma "franca recessão" no país, critica a política cambial e a de juros e aponta a "bancarrota" da agricultura.
Além de críticas à falta de uma política salarial que, no entender do quercismo, proteja os trabalhadores, o PMDB paulista reivindica também que, na reforma tributária, a receita de Estados e municípios seja "intocável".
"Existe uma grande pressão das bases do PMDB de São Paulo para que o partido passe a ter uma posição de independência diante do governo federal", disse João Leiva, presidente do diretório paulistano do PMDB e político de confiança de Quércia.
O diretório de São Paulo já encaminhou à direção nacional do partido o pedido para que, logo depois da escolha do novo presidente da legenda, seja convocado o Conselho Político peemedebista para votar o pedido de rompimento com o governo FHC.
Quércia sabe que é improvável que a maioria do PMDB no país aceite a saída do governo, o que significaria a entrega dos cargos hoje ocupados pelo partido.
Mas o ex-governador quer sinalizar para o eleitorado que não concorda com a participação do PMDB no governo.
Quércia acha que até a eleição municipal de 96 a política econômica vai perder o apoio da maioria da população e, consequentemente, quem estiver no governo será prejudicado na urna.
O ataque do ex-governador ao governo federal, no entanto, não é endossado pela totalidade dos seus aliados.
Os deputados federais Michel Temer, Alberto Goldman e Aloysio Nunes Ferreira Filho, por exemplo, costumam seguir a orientação de Quércia, mas não concordam com a tentativa de romper com FHC.
O deputado federal Paes de Andrade (CE) tem o apoio de Quércia para a presidência do PMDB. O ex-governador acha que Paes não é dependente do Planalto.

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