São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Governo tenta encontrar 47 famílias

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As famílias de 47 dos 136 desaparecidos políticos pós-1964 não foram localizadas até agora para que possam requerer atestado de óbito de seus parentes e indenização (de R$ 100 mil a R$ 150 mil).
Esses benefícios poderão ser requeridos ao governo federal pelas famílias depois que for aprovado no Congresso o projeto sobre desaparecidos políticos durante o regime militar (1964-1985).
O Palácio do Planalto quer aprovar sua proposta na Câmara ainda nesta semana, para evitar emendas que incluam outras vítimas de conflitos entre grupos de esquerda e militares e a apuração das circunstâncias das mortes. Na próxima semana, o projeto deverá ser apreciado no Senado.
Segundo a representante da Comissão dos Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Iara Xavier Pereira, as famílias não localizadas são as que nunca participaram do movimento das famílias.
Iara espera que elas se apresentem agora, como já aconteceu com cerca de outras 50, que foram encontradas após o governo anunciar a elaboração do projeto, em julho.
"A nossa maior preocupação é com os desaparecidos que pertenciam a famílias pobres do interior, que talvez ainda nem saibam do projeto do governo", afirmou.
A representante da comissão citou como exemplo o caso de José Montenegro de Lima, dirigente estudantil secundarista, cuja família deve morar no interior do Ceará. Lima foi visto pela última vez em 1975 numa unidade de repressão.
Para ela, o principal empecilho para localizar as testemunhas é o tempo de quatro meses para estudo de novos casos não-incluídos na lista oficial de desaparecidos.
A inclusão dos mortos sob tortura foi reivindicada pelos familiares ao chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori, autor do projeto dos desaparecidos.

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