São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Para polícia, 7 mortos no Rio eram invasores

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil concluiu que, dos dez mortos na madrugada de sábado no morro do Turano (Rio Comprido, zona norte do Rio), pelo menos sete integravam o bando que invadiu a favela na tentativa de conquistar pontos-de-venda de maconha e cocaína.
O massacre do Turano ocorreu durante um baile funk no largo conhecido como 117. Segundo a polícia, duas quadrilhas rivais trocaram tiros em meio à aglomeração de cerca de 500 pessoas. Morreram nove homens e uma menina de 11 anos.
O secretário estadual da Segurança, Nilton Cerqueira, voltou a dizer que os nove mortos atuavam no tráfico, até mesmo Kellison Athanásio, 22, pára-quedista do Exército.
"Só o fato de ele estar em um local como aquele, um baile patrocinado pelo tráfico de drogas, já caracteriza uma transgressão militar grave", afirmou Cerqueira, 65, general da reserva do Exército.
A declaração de Cerqueira e a conclusão da Polícia Civil não se embasam nos antecedentes criminais das vítimas.
Até as 18h30 de ontem, a 18ª DP (Delegacia de Polícia), na praça da Bandeira (zona norte), não havia recebido do IFP (Instituto Félix Pacheco) -órgão oficial de identificação do Estado do Rio- informações sobre o passado criminal de cada um dos mortos.
O chefe do Setor de Homicídios da 18ª DP, inspetor Jamil Warwar, disse que concluiu que os mortos eram traficantes após interrogar testemunhas.
Segundo Warwar, participaram do tiroteio homens chefiados pelos inimigos Odair Nunes Robert, o Playboy, e Murilo, de sobrenome desconhecido pela polícia.
Warwar disse que a disputa no Turano começou há quatro meses, quando Celso da Silva Santos, o Nem, deixou a prisão. Ex-chefe do morro, Nem teria sido morto por Murilo ao tentar reassumir o antigo posto. "A menina (Tatiana) morreu porque foi feita de escudo pelo pessoal do Murilo."

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