São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Governo quer atacar preços de serviços

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Acompanhamento Econômico vai priorizar nos próximos meses uma campanha de mobilização nacional contra os preços na área de serviços.
O governo pretende divulgar listas com preços de restaurantes, barbearias, médicos, laboratórios de análises clínicas e oficinas de conserto de equipamentos eletrônicos, entre outros serviços.
A idéia é dar o nome e o endereço dos estabelecimentos no maior número possível de cidades, junto com os preços praticados.
O consumidor escolheria a melhor opção: desde o restaurante que tenha um filé com fritas mais barato até um barbeiro com preço menor para um corte de cabelo.
"O preço desses serviços corre numa velocidade completamente diferente do restante da economia", diz o secretário interino de Acompanhamento Econômico, Gesner Oliveira, 39.
Oliveira passou o fim-de-semana analisando setor por setor da economia e suas respectivas variações de preços.
"Dos quatro preços da economia -agrícolas, públicos, bens e serviços-, o que mais preocupa, de longe, é o de serviços", diz.
Enquanto a inflação divulgada de agosto pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas da USP) foi 1,43% para São Paulo, o preço médio dos barbeiros paulistanos subiu 4,15%.
"Embora tenham recuado um pouco, os percentuais para esses serviços continuam subindo muito. Laboratórios de análises clínicas reajustaram seus preços em 5,62% em agosto", afirma Oliveira.
Atacando esses preços, o governo acredita que a inflação recuaria para um patamar inferior ao atual. Há um problema: apesar da grande oferta de serviços, Oliveira classifica o setor de "monopolístico".
"É que as pessoas não ficam pesquisando preços de laboratórios, médicos, barbeiros. Costumam ir, por vários motivos, sempre ao mesmo local. Por isso, os preços sobem sem controle", diz.
A idéia do governo -que vai lançar uma campanha publicitária no fim do mês- é incentivar as pessoas a mudar de hábito. Os técnicos querem os consumidores pechinchando quando normalmente não se faz isso.
Para municiar os consumidores, o governo usará a Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab). Esse órgão já faz pesquisa de preços em 11 capitais de todo o país e em mais uma centena de cidades menores em associação com prefeituras locais.
"Vamos passar a divulgar com maior intensidade as listas. Normalmente, são mais conhecidas as listas de itens alimentícios. Mas a Sunab já pesquisa restaurantes, bares e uma série de outros estabelecimentos", afirma Oliveira.
Segundo José Carlos Brito, 42, diretor de Pesquisas de Estudos de Mercado, a Sunab coleta preços em 2.470 estabelecimentos comerciais (492 são supermercados).

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