São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Gigantes se unem para obter telefonia celular

Globo, Bradesco e AT&T prometem investir US$ 1 bi

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Três gigantes anunciaram ontem sua união em um consórcio para disputar as concorrências para concessões privadas de exploração de telefonia celular. A nova empresa ainda não tem nome.
Os brasileiros Bradesco e Globo, com 60% do negócio, juntaram-se à norte-americana AT&T (American Telephone and Telegraph), com 40%, para tentar explorar ao máximo o mercado que chamam de "wireless" (sem fio, em inglês).
A participação dos sócios brasileiros ainda está sendo discutida e pode ficar entre 60% e 66,6% para a Globo e o restante para o Bradesco, segundo Marinho.
O vice-presidente do Bradesco Dorival Bianchi tem a expectativa que os brasileiros fiquem com participações iguais.
A AT&T participa da sociedade por meio da AT&T Wireless Services (serviços sem fio), que é líder do segmento de telefonia celular nos EUA com 4,7 milhões de assinantes em mais de cem cidades.
Segundo o vice-presidente executivo das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, a previsão de investimento inicial é de US$ 1 bilhão para um período de três a cinco anos, mas ele pode ser maior ou menor, dependendo do número de concessões que a nova empresa consiga.
"Vamos participar de quantas concorrências a lei permitir e vamos ter quantas concessões a lei permitir", disse Marinho.
Mesmo com os três sócios sendo fornecedores de equipamentos (a Globo através de NEC e o Bradesco com a Ericsson), a empresa está sendo formada apenas para explorar o serviço.
A decisão da tecnologia a ser usada e dos equipamentos a serem comprados será da diretoria da nova empresa, que ainda não está escolhida.
"Não temos nome, diretoria e sede", disse o presidente da AT&T-Brasil, Omar Carneiro da Cunha.
Embora tenha como primeiro objetivo a telefonia celular e a tranmissão de dados sem fio (fax, por exemplo), a nova empresa poderá entrar em outros ramos de negócio, como a telefonia local e até mesmo participar da privatização das companhias telefônicas estaduais.
Marinho disse que o grupo Monteiro Aranha, que é sócio das Organizações Globo em outros negócios, participou do início das negociações para a formação da sociedade, mas acabou desistindo da negociação.
"O negócio foi assumindo uma tal proporção que eles saíram, mas não sei a razão", disse Marinho.
Procurado pela Folha, o grupo Monteiro Aranha informou que o diretor para área de telefonia móvel, Carlos Thomaz, estava fora da empresa e não poderia atender.
Segundo o vice-presidente internacional da AT&T, Paul Wondrash, a "vibração da economia fez com que o Brasil se transformasse em um país-chave na estratégia internacional da AT&T".
Os negócios fora dos EUA representam 25% do faturamento da empresa.
O grupo de trabalho formado por representantes dos três sócios começa a trabalhar na segunda-feira e, segundo Marinho, dentro de um mês já teria condições de participar de concorrências.
Ele acredita, no entanto, que elas só começarão a acontecer efetivamente no primeiro trimestre do ano que vem.

AT&T
O grupo AT&T faturou em 1994 US$ 75,094 milhões -em 93, o faturamento havia sido de US$ 69,351 milhões- e terminou o ano com cerca de 300 mil funcionários.
A empresa foi fundada em 1885 e entre os sócios estava Alexander Graham Bell, o inventor do telefone.
Wondrash brincou durante a entrevista, dizendo que a empresa deve muito ao imperador brasileiro D. Pedro 2º por ter sido ele que chamou atenção mundialmente para o invento de Bell em uma feira.

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