São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Governo prepara mudança ministerial

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo deverá fazer uma reforma ministerial até o fim do ano para reacomodar os partidos de sua base de sustentação.
O PMDB deve ganhar mais um ministério e ampliar sua presença nas decisões de governo. É com essa perspectiva que trabalham os principais líderes de todos os partidos da base de apoio ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lideranças do PSDB avaliam que a reacomodação é fundamental para garantir um engajamento maior do PMDB no governo. O processo seria deflagrado após a escolha do novo presidente nacional do partido, dia 10 de outubro.
Outro fator que poderá impulsionar a reforma é o surgimento de mais um grande partido -o PPB (Partido Progressista Brasileiro-, com a fusão do PPR e do PP.
Com 85 deputados, o PPB vai cobrar pelo menos um ministério, prevêem os líderes tucanos.
O troca-troca nos ministérios seria concluído depois do encerramento da primeira fase da reforma constitucional.
FHC deverá usar as votações das reformas para sentir o nível de comprometimento dos partidos aliados com o seu governo. Os mais fiéis serão recompensados com ministérios mais fortes e maior espaço nas decisões.
É provável que o Ministério da Agricultura seja entregue ao PMDB. Os líderes do partido articulam a nomeação do senador Iris Rezende (GO) para o cargo. Até agora, apenas o PMDB gaúcho, justamente um grupo dissidente, tem espaço no governo.
O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), confirma que o partido espera essa reforma: "Seguramente, depois da convenção, haverá uma reacomodação do PMDB no governo em termos de ministérios e quanto à participação no núcleo de decisões".
Há consenso no governo que a participação do PTB no governo é desproporcional. O presidente do partido, deputado Rodrigues Palma (MT), reconhece que dois ministérios são muito para uma bancada de 30 deputados.
"Pesando as forças políticas, está demais", afirma. Mas ele faz uma ressalva: "A nomeação do Paulo Paiva (Trabalho) foi mais uma agrado ao Hélio Garcia, que ajudou a eleger o Eduardo Azeredo. É um ministério de Minas".
Segundo os tucanos, a ministra Dorothéa Wernek (Indústria e Comércio) estaria com os dias contados. Ela não teria se afirmado nem como técnica nem como política.
Outro ministro que correria perigo é o chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho. Eles avaliam que o ministro não conseguiu desempenhar a função de coordenador político. Ele poderia ser remanejado.
A criação do Ministério da Reforma Agrária é uma idéia que cresce no governo, afirmam os tucanos. Seria uma resposta às críticas pela estagnação no processo.
A reforma agrária estaria sendo tratada como assunto de quinto escalão no Ministério da Agricultura, dizem. O ministro José Eduardo de Andrade Vieira (PTB) estaria sem iniciativa nessa área.

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