São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hargreaves pede demissão dos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Henrique Hargreaves, pediu demissão do cargo no início da noite de ontem. Ele argumentou ao ministro Sérgio Motta (Comunicações) que ficou com a "causa dos pequenos empreendedores" (leia íntegra da carta de demissão abaixo).
À tarde, Hargreaves ligou para o ministro Sérgio Motta (Comunicações) pedindo demissão do cargo. O pedido foi aceito e, logo depois, a carta foi entregue ao ministro pelo assessor do Sebrae Pedro Rogério Moreira.
A carta foi enviada ao Sebrae, por fax, da Cidade do México, onde se encontra em congresso.
Assume como interino na presidência da ECT, Egydio Bianchi, homem de confiança do ministro das Comunicações e que até agora estava na vice-presidência dos Correios.
O ex-presidente da ECT tem um contrato com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) para prestação de serviços parlamentares com uma remuneração mensal de R$ 23,6 mil. Na ECT, seu salário era de R$ 5.000.
O decisão de Hargreaves foi consequência da postura do ministro. Motta esperava apenas o retorno de Hargreaves do exterior para obrigá-lo a escolher entre as duas funções.
Ontem pela manhã, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), Guilherme Afif Domingos, defendeu que Hargreaves continuasse como consultor parlamentar da entidade, caso deixasse a presidência da ECT.
Hargreaves é amigo pessoal de Mauro Durante, diretor-presidente do Sebrae. Os dois trabalharam juntos no governo Itamar Franco. O contrato com o Sebrae prevê que Hargreaves entregue boletins diários.
O TCU (Tribunal de Contas da União) deve determinar uma auditoria no Sebrae para examinar a legalidade do contrato com a empresa de Hargreaves.
Este é o terceiro caso de demissão de membros do governo FHC que mantinham laços com a iniciativa privada.
Antes de Hargreaves, saíram do governo por motivos semelhantes o secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, e o chefe do Departamento Nacional de Combustíveis, Paulo Motoki.

Texto Anterior: Mara Maravilha dá apoio a ministro
Próximo Texto: Leia a íntegra da carta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.